"Uma lembrancinha de danarinos de tango do tamanho do polegar est R$ 50." Assim a brasileira Paloma Rocha, 23 anos, resume a situao dos preos na Argentina.
A desvalorizao do real e a inflao dos ltimos anos no pas vizinho –na cidade de Buenos Aires, ela atingiu 26,9% em 2015, segundo a Prefeitura– tornaram o destino caro para os brasileiros.
Os preos dos alimentos esto em mdia 30% mais altos na Argentina do que no Brasil. Hotis e restaurantes custam at 20% mais, segundo a consultoria Abeceb.
A escalada dos preos comeou em 2007, quando a inflao passou a ultrapassar a barreira dos 10%. Trs anos depois, a valorizao artificial do peso fez com que o pas ficasse caro para aqueles que chegam com dlares.
Alimentao na Argentina custa mais que no Brasil - Preos em US$
Para os brasileiros, o cenrio piorou em 2015, com a desvalorizao do real.
"No Brasil, o dlar ficou muito tempo entre R$ 2 e R$ 3. Esse cmbio tornava a Argentina mais acessvel. Agora o panorama outro", afirma o economista-chefe da consultoria Ecolatina, Lorenzo Sigaut Gravina.
O consultor de projetos Sady Fauth Junior, 37, esteve na Argentina pela primeira vez em 2012 e voltou em agosto de 2015 para morar.
Segundo o brasileiro, um almoo que custaria cerca de R$ 25 em Braslia sai o equivalente a R$ 40 em Buenos Aires. "No est compensando viver aqui se voc depender do real. Os preos aumentam toda semana", diz.
A inflao se acelerou ainda mais nos ltimos 50 dias em decorrncia da desvalorizao de aproximadamente 40% do peso promovida pelo governo do novo presidente, Mauricio Macri.
Apenas em dezembro, os preos na capital aumentaram em mdia 3,9% –a taxa mais elevada para um ms em quase dois anos. As carnes subiram 14,2% e os medicamentos, 18,8%.
Paloma Rocha, que esteve na cidade por 30 dias entre dezembro e janeiro com o noivo, ajustou a programao ao oramento. As refeies tiveram de ser feitas mais no apartamento –alugado pela internet– que na rua.
"Conseguimos fazer tudo o que queramos, mas foi bem regrado e no deu para comprar nem um presentinho."
As consultorias projetam inflao de 30% para 2016 (o governo prev at 25%) e mais desvalorizao, com US$ 1 valendo 15,5 pesos (hoje est em 13,95 pesos).
A nica vantagem que o brasileiro leva hoje poder usar o carto de crdito.
At meados de dezembro, havia mais de uma cotao para o peso na Argentina. A oficial, em que um dlar valia 9,9 pesos, e a paralela, na qual chegava a 14,55 pesos.
Com isso, o turista que comprava no carto acabava pagando o oficial, mais caro. Agora, o cmbio independe do meio de pagamento.
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