"Scarface" era um dos homens de confiança de Hitler, mas tornou …

Já foi considerado “o homem mais perigoso da Europa”. Otto Skorzeny era o comando favorito de Hitler, um dos homens de confiança do ditador, que ficou famoso por resgatar outro ditador, desta vez italiano, Mussolini. Conhecido por Scarface, em alusão a uma cicatriz que ocupava a face do lado esquerdo, dizem que esteve apaixonado pela musa argentina Eva Perón, de quem foi guarda-costas. Em 1959, Otto Skorzeny mudou-se para a Irlanda e tornou-se agricultor. Morreu em Madrid, em 1975, vítima de um cancro.

A história – a do homem forte do Nazismo que se transforma num agricultor irlandês – é contada na BBC. Antes de comprar uma quinta em County Kildare, Otto Skorzeny viajou para a Argentina e tornou-se guarda-costas de “Evita”,esposa do presidente argentino Juan Péron. Na altura, surgiram rumores de que Scarface e Evita teriam vivido uma história de amor.

Quando chegou à Irlanda, Skorzeny, que é natural de Viena, na Áustria, foi retratado num “manto de glamour“, como lembra o jornalista irlandês Kim Bielenberg. “Parecia que as pessoas o admiravam pelas suas proezas militares”, revela. A verdade é que o motivo da ida de Sarface para County Kildare gerou confusão no parlamento irlandês. O que estaria a fazer na Irlanda? Estaria a preparar-se para iniciar atividades nazis no país?

A história do homem de confiança de Hitler começa quando este se junta ao Partido Nazi Austríaco, no início da década de 1930. Em abril de 1943, ficou responsável por uma unidade de comandos de elite das forças especiais alemãs. Quando o aliado italiano de Hitler, Mussolini, foi preso, foi Skorzeny quem ficou encarregue do resgate.

O sucesso da operação fez com que o ditador nazi o promovesse a Major. As imagens de Skorzeny ao lado de Mussolini valeram-lhe reconhecimento internacional e Winston Churchill, primeiro-ministro britânico na altura, chegou a descrever a missão como “um ato de grande ousadia”.

Dez dias depois da morte de Hitler, Skorzeny rendeu-se aos americanos. Chegou a ser julgado por crimes de guerra, mas acabou por ser absolvido. Depois, foi para Madrid, onde criou uma agência de importação e exportação, uma empresa legal que era também uma forma de Skorzeny planear a fuga dos nazis que eram procurados na Europa e que fugiam para a América do Sul.

Em junho de 1957, Skorzeny viajou para a Irlanda. Kim Bielenberg conta que o ex-nazi foi tão bem recebido que terá sido essa “receção calorosa” a encorajá-lo a a comprar Martinstown House, uma quinta de 160 hectares em County Kildare, em 1959. As viagens a Irlanda estiveram sempre rodeadas de suspeitas. Uma delas referia que Skorzeny escondia outros nazis na quinta irlandesa, mas nunca houve provas de que fosse verdade.

O antigo ministro da Saúde irlandês, Noel Browne, chegou a levar a presença de Scarface na Irlanda ao Parlamento, mas Skorzeny negou sempre que estivesse envolvido em atividades nazis ou políticas no país. Dizia que gostava de comprar cavalos e que era seu desejo reformar-se na Irlanda. Contudo, nunca lhe foi dado um visto irlandês permanente e acabou por falecer em Madrid, vítima de um cancro, em 1975. No funeral, o seu caixão estava envolto pelas cores nazis: vermelho, branco e preto.

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