Real papa títulos e duelo CR7 x Messi polarizam ano no futebol …

Não é um exagero dizer que desde 2008 Lionel Messi e Cristiano Ronaldo dominam o cenário do futebol mundial. Pois em 2014 a disputa entre os dois maiores craques da atualidade envolveu números, recordes, títulos e premiações importantes, além dos três confrontos diretos. Mais uma vez, o argentino e o português são os fieis da balança de um ano com muita bola na rede, conquistas marcantes, altas transferências e um caso de racismo que mexeu com o planeta bola.

A Espanha é protagonista. Fora a Copa do Mundo, quando a seleção foi eliminada de maneira vexatória ainda na segunda rodada da fase de grupos, em praticamente todos os grandes momentos do ano houve alguma ligação com o país europeu.

O Real Madrid, por exemplo, foi o grande papa títulos, com quatro troféus conquistados: a Copa do Rei, a Liga dos Campeões, a Supercopa Europeia e o Mundial de Clubes. No Espanhol e na Supercopa da Espanha, brilhou a estrela de um aguerrido e histórico Atlético de Madrid, comandado por Diego Simeone. A Liga Europa também foi espanhola, com a conquista do Sevilla. E o país ainda acompanhou o lamentável episódio de racismo envolvendo o brasileiroDaniel Alves. Confira esse e outros momentos abaixo na retrospectiva de futebol internacional:

MESSI X CR7
Bola de Ouro em janeiro, Cristiano Ronaldo começou o ano em ritmo empolgante, principalmente na Liga dos Campeões. O português marcou gols nos confrontos contra Schalke, Borussia Dortmund, Bayern de Munique e também na finalíssima diante do Atlético de Madrid. Terminou o torneio como campeão e artilheiro máximo de uma única edição, com 17 gols. O recorde pertencia a Lionel Messi e Mazola, ambos com 14 gols.

O camisa 7 do Real Madrid voltou a superar o argentino no Campeonato Espanhol. Com sequência de lesões, Messi não foi páreo para os 31 gols de Cristiano, contabilizando o último semestre de 2013 - o camisa 10 do Barcelona terminou com 28, em segundo na artilharia. Na atual edição, a vantagem ainda é maior para Cristiano: 25 (um recorde para 16 rodadas) contra 15.

Messi tirou parte da diferença com a seleção argentina. Marcou quatro gols na Copa (foi eleito o melhor do torneio pela Fifa). No fim, ficou com 58 gols em 2014, contra 60 de Cristiano. O argentino ainda ultrapassa o português se forem retirados os gols de pênalti (52 a 45). E, claro, é dele o recorde na artilharia história do Campeonato Espanhol (258) e Liga dos Campeões (75). Eles ainda se enfrentaram em três oportunidades: dois Superclássicos (cada um venceu um) e um amistoso entre Portugal e Argentina (vitória dos portugueses sem destaque para a dupla).

REAL: O MAIOR CAMPEÃO

Entre clubes, o Real Madrid sobrou na turma. Conquistou a tão perseguida “La Décima” na Liga dos Campeões, em maio, a Copa do Rei (final sobre o Barcelona, em abril), a Supercopa da Europa (diante do Sevilla, campeão da Liga Europa, em agosto) e o Mundial de Clubes (contra o San Lorenzo, em dezembro). Ainda terminou o ano com 22 vitórias seguidas, perto do recorde do Coritiba (24 em 2011).

Poderiam ser seis títulos merengues, mas havia um Atlético de Madrid no meio do caminho. Os colchoneros fizeram história ao quebrarem o duopólio da dupla Real-Barça ao faturar o Campeonato Espanhol, o primeiro por um “intruso” desde 2003/2004. O time de Diego Simeone e Diego Costa ainda chegou à decisão da Champions e derrotou o Real na Supercopa da Espanha, disputada no início da atual temporada.


A Alemanha também viu um domínio, do Bayern de Munique, campeão da Bundesliga com sete rodadas de antecedência e da Copa da Alemanha (o Borussia Dortmund ficou em segundo em ambas, mas conseguiu ao menos vencer a Supercopa). Na Itália, o Juventus chegou ao tricampeonato com incríveis 102 pontos, enquanto o Milan registrou uma de suas piores campanhas: foi o oitavo, a 21 pontos da zona de classificação para a Liga dos Campeões.

A Inglaterra acompanhou o Manchester City se consolidando como um dos gigantes do momento depois de arrancar na reta final e roubar o primeiro título do Liverpool na era moderna da Premier League (desde 1992). Os Citizens ainda foram campeões da Copa da Liga Inglesa - o Arsenal levou a tradicional Copa da Inglaterra. No seu primeiro ano sem Alex Ferguson, oManchester United passou vergonha sob o comando de David Moyes - foi o sétimo, a 22 pontos do rival local.

O PSG de Ibrahimovic chegou ao bicampeonato na França sem se esforçar muito, assim como aconteceu com o Benfica em Portugal - os encarnados recuperaram o título perdido para o Porto no fim da temporada retrasada. E ainda conquistaram a Copa da Liga e a Taça de Portugal, embora tenham perdido a Liga Europa nos pênaltis.

Na América do Sul, uma “inversão de valores”: a Taça Libertadores, torneio de maior peso no continente, recebeu quatro semifinalistas que nunca haviam sido campeões: Defensor (Uruguai), Nacional (Paraguai), Bolívar (Bolívia) e o San Lorenzo (Argentina), que venceria o Nacional na decisão. A Sul-Americana, no segundo semestre, abrigou a tradição com semifinais entre River Plate e Boca Juniors e São Paulo e Atlético Nacional. No fim, deu River sobre os colombianos.

MERCADO DE TRANSFERÊNCIAS PEGA FOGO

Depois de fracassar com David Moyes, o Manchester United apostou no nome de Louis van Gaal. E também em reforços milionários: os Diabos Vermelhos foram os responsáveis por movimentarem mais dinheiro no mercado de transferências do meio do ano. Chegaram Ángel Di María (€  75 milhões), Luke Shaw (€ 37,5 milhões), Ander Herrera (€ 36 milhões), Marcos Rojo (€ 20 milhões) e Falcao García (empréstimo de € 7,6 milhões).

Sensação na Copa, o também colombiano James Rodríguez custou € 80 milhões ao Real Madrid. O mais caro foi o uruguaio Luis Suárez, contratado pelo Barcelona após morder o italiano Chiellini na Copa do Mundo: € 81 milhões. O zagueiro David Luiz ganhou um lugar no top-5 depois de ver o Paris Saint-Germain desembolsar € 49,5 milhões pelo seu futebol. O chileno Alexis Sánchez, reforço do Arsenal por € 42,5 milhões, completa a pequena lista. 

Outras transferências de destaque: Diego Costa (do Atlético de Madrid para o Chelsea), Cesc Fàbregas (do Barcelona para o Chelsea), Toni Kroos (do Bayern para o Real Madrid) e Xabi Alonso (do Real Madrid para o Bayern).

BANANA PARA O RACISMO

No dia 27 de abril, um torcedor do Villarreal atirou uma banana na direção de Daniel Alves, lateral-direito do Barcelona, numa partida pelo Campeonato Espanhol. A reação do brasileiro foi a pegar no gramado e comê-la. A atitude ganhou enorme repercussão imediatamente nas redes sociais com a contribuição de Neymar: o atacante e companheiro de Barça propôs que todos postassem fotos com banana juntamente com a hashtag #somostodosmacacos ou #weareallmonkeys (somos todos macacos em inglês). A ideia foi comprada por famosos, anônimos, crianças e estrangeiros.

No dia seguinte, o Villarreal baniu para sempre o torcedor que jogou a banana. Daniel Alvesreagiu com declarações fortes e lamentou o episódio, recorrente na Europa e em outros cantos do mundo: “Tem que ser assim! Não vamos mudar. Há 11 anos convivo com a mesma coisa na Espanha. Temos que rir desses retardados”, disse.

DE REPENTE NA ÍNDIA

Graças a veteranos e grandes nomes do futebol mundial, a Índia entrou no mapa do futebol mundial em 2014. Zico era o comandante do FC Goa, que contava também com André Santos e o francês Robert Pirès. Materazzi era jogador e técnico do Chennaiyin FC, que tinha em seu elenco Elano, Nesta e Silvestre. Del Piero, Trezeguet, Anelka e Ljunberg também estavam por lá.

A Super Liga Indiana acabou sendo sucesso de público, com cerca de 1,5 milhão de pessoas indo aos estádios, e média de público de mais de 26 mil torcedores por partida. Na final, foram 36 mil.


O Goa caiu na semifinal, com André Santos perdendo um dos pênaltis. O Chennaiyin também saiu nas semis, perdendo na prorrogação. E o título ficou com o Atlético de Kolkata, que pertence ao Atlético de Madrid e tinha o espanhol Luis García, ex-Barcelona e Liverpool, como principal astro: 1 a 0 sobre o Kerala Blasters com o gol aos 49 do segundo tempo.


ADEUS AOS GRAMADOS


Teve gente deixando a aposentadoria para voltar a jogar na Índia, mas também teve muita gente realmente pendurando as chuteiras. O galês Ryan Giggs parou aos 40 anos, após 963 partidas pelo Manchester United. Com a mesma idade, o argentino Javier Zanetti deixou os gramados depois de 19 anos pelo Inter de Milão. Além dele, a Argentina também se despediu de Juan Sebastián Verón e Gabriel Heinze.

Capitão da vitoriosa geração do Barcelona, o espanhol Carles Puyol pendurou as chuteiras neste ano com seis títulos do Campeonato Espanhol, o tricampeonato da Liga dos Campeões, dois Mundiais de Clubes, além da Euro de 2008 e da Copa de 2010 pela Espanha. O francês Éric Abidal, que defendeu o Barça de 2007 a 2013 e teve um tumor no fígado em 2011, foi mais um a dar adeus aos gramados.

Nos Estados Unidos, o americano Ladon Donovan se despediu com seu quarto título da MLS Cup pelo Los Angeles Galaxy. O francês Thierry Henry fez mistério, mas também anunciou a aposentadoria após ser eliminado na Final de Conferência com o New York RB.

O holandês Clarence Seedorf deixou o Botafogo para treinar o Milan, sem muito sucesso. O sul-coreano Park Ji-sung, o galês Craig Bellamy e o francês William Gallas também estão na lista dos aposentados.


OS DESTAQUES BRASILEIROS

Neymar não conseguiu grandes títulos em 2014, teve alguns momentos ruins como a lesão nas costas na Copa do Mundo, mas segue sendo o maior nome do futebol brasileiro. O jogador terminou o ano como capitão da Seleção, é cada vez mais importante no esquema do Barcelona e foi indicado entre os atacantes finalistas para a seleção do ano da Fifa.

Mas Neymar não foi o único brasileiro a se destacar na Europa. O país termina o ano com os artilheiros das duas competições continentais europeias. Luiz Adriano, do Shakhtar Donetsk, marcou nove gols na Liga dos Campeões, oito deles em dois jogos contra o BATE Borisov. Alan, do RB Salzburg, é o maior goleador da Liga Europa, com oito gols. O ex-jogador do Fluminense, aliás, marcou 44 vezes em 2014, incluindo o Campeonato Austríaco e a Copa da Áustria.

Diego Costa se naturalizou espanhol, mas não foi apenas isso que fez o atacante se destacar em 2014. A escolha pela Espanha fez com que ele virasse alvo de vaias na Copa no Brasil, mas ele também teve grandes momentos, sendo um dos principais nomes do Atlético de Madrid campeão espanhol e vice da Champions antes de se transferir para o Chelsea.

A lista de destaques não é apenas de atacantes. Um dos principais nomes da Seleção na Copa de 2014, David Luiz tornou-se o defensor mais caro da história ao ser contratado pelo Paris Saint-Germain por  € 50 milhões (cerca de R$ 150 milhões) em maio.
 

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