Passando por processo de reformulação desde 2010, a Seleção Brasileira de rúgbi disputa a partir deste final de semana uma das competições mais importantes de sua história. Entre os dias 27 de abril e 4 de maio, a equipe se reveza entre a chilena Temuco e a capital uruguaia Montevidéu para jogar o Campeonato Sul-Americano, conhecido como Consur A. A competição vale vaga na última etapa antes do Mundial de 2015, disputado na Inglaterra.
Apesar de o presidente da Confederação Brasileira da modalidade (CBRu), Sami Arap, confirmar que o planejamento inicial previa os Tupis disputando apenas a edição de 2019 da principal competição entre países do rúgbi, no Japão, a equipe passou por preparação nunca antes realizada e quer confirmar a ascensão no cenário internacional com a vaga inédita para o Mundial.
João Neto
No entanto, apesar dos resultados recentes entre as equipes de XV e Sevens, o Brasil segue com o status de azarão entre a já classificada Argentina e Uruguai e Chile, adversários na disputa pela vaga. Historicamente, os adversários se acostumaram a atropelar a Seleção e mantém retrospecto amplamente favorável. Desde a criação da CBRu, em 2010, porém, a vantagem de Chile e Uruguai diminuiu progressivamente a cada encontro, panorama que anima a comissão técnica brasileira.
“Quando cheguei aqui, a Seleção se preocupava em entrar para jogar contra Uruguai e Chile e perder por menos de 40 ou 50 pontos de diferença. Hoje a gente vai a campo sabendo que pode ganhar desses adversários. Para se ter êxito, é preciso acreditar. Essa mudança é muito importante”, exalta o neozelandês Brent Frew, treinador de linha da equipe.
Como a Argentina já tem vaga garantida por ter terminado entre os 12 melhores no Mundial de 2011, os duelos entre Uruguai, Chile e Brasil terão valor triplicado. O melhor classificado entre as três seleções enfrentará o perdedor do duelo entre Canadá e Estados Unidos no segundo semestre desse ano, em confronto que vale vaga direta no Mundial. Quem levar a pior no duelo ainda terá chance na repescagem mundial, em 2014.
Além de avançar nas eliminatórias, o melhor entre Brasil, Uruguai e Chile garante vaga no Campeonato de Rúgbi das Américas, disputado em outubro no Canadá. Já o último colocado do Sul-Americano terá fazer partida contra o líder do Consur B para saber se segue na elite do continente na próxima temporada.
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Técnico admite dificuldade na busca por informações, mas mostra confiança:
Este é o primeiro Sul-Americano em que o Brasil realizou preparação com partidas amistosas. Na últimas semana de março, os Tupis foram a La Plata enfrentar três equipes da Argentina, seleção integrante do top 10 mundial, acumulando duas vitórias e uma derrota. Neste mês, atropelou o México em partidas disputadas em São José dos Campos e Santo André, no interior de São Paulo.
“Historicamente, a Seleção se juntava duas semanas antes de um torneio, escolhia os jogadores e ia. Pela primeira vez, fizemos uma preparação efetivamente eficiente. Só neste ano, tivemos a gira em La Plata e essas duas partidas contra o México. Pela primeira vez estamos fazendo uma preparação apropriada para a elite Sul-Americana”, analisa o neozelandês Scott “Razor” Robertson, treinador principal e de avançados.
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Apesar dos amistosos, a preparação brasileira foi prejudicada pela falta de informação dos adversários pela vaga no Mundial. “Infelizmente não consegui encontrar nenhum vídeo de jogos do Chile ou do Uruguai, então foi difícil estudá-los. Sei que eles estão se preparando e que, assim como o Brasil, também fizeram amistosos visando o Consur”, confessa Brent Frew.O Brasil estreia no Consur contra o Chile, em Temuco, às 18h (de Brasília) deste sábado. Na sequência, encara o Uruguai em Montevidéu, às 13h da quarta (1º de maio), e encerra a sua participação no Sul-Americano contra a Argentina, três dias depois, novamente na capital uruguaia.
Mesmo com a tabela apertada entre os dois primeiros duelos, a comissão técnica brasileira não vê o desgaste do trajeto entre Temuco e Montevidéu como adversário extra. “Uma das partes mais importantes do nosso treinamento é ensinar aos jogadores como cuidarem de si mesmos, como fazerem suas recuperações. Temos conosco o Darryn Collins, preparador físico que vem fazendo esse trabalho justamente para preparar os atletas para esse tipo de maratona”, diz.
Além da preparação física, Frew aponta a paciência como grande aliada brasileira no Consur A. Ciente de que a Seleção pode sofrer pressão nas partidas decisivas da competição, o treinador mostra o caminho para o Brasil seguir em busca da vaga inédita no Mundial.
“O que nós precisamos fazer é pontuar, saber jogar sem a bola. Pressionar até o momento em que eles errarem ou nós recuperarmos a bola e sermos fatais. A concentração no jogo de defesa e a pressão de defender atacando vai ser fundamental”, explica.
Em 12 jogos contra a Argentina, o Brasil nunca saiu de campo vencedor. Contra Uruguai, foram três vitórias em 19 encontros, a última em 1964, ano em que também conquistou o seu único empate em 18 jogos com o Chile. Na ocasião, a Seleção aproveitou o fato de ser anfitriã do Campeonato Sul-Americano para ter bom desempenho e ficar com a segunda colocação da competição, atrás apenas da Argentina. Hoje, a condição garantiria o país na fase final das eliminatórias.
“É um grande momento que estamos vivendo. Os jogadores estão animados e motivados para o Consur e é muito bom estar liderando esse projeto”, conclui Scott Robertson.
João Neto
Confira a tabela completa do Campeonato Sul-Americano de Rúgbi, pelo horário de Brasília:
Primeira rodada – 27 de Abril (Sábado)
15h30 – Argentina x Uruguai, em Montevidéu
18h00 – Chile x Brasil, em Temuco (CHI)
Segunda Rodada, 1º de Maio (Quarta-Feira)
13h00 – Uruguai x Brasil, em Montevidéu
15h45 – Argentina x Chile, em Montevidéu
Terceira Rodada – 4 de maio (Sábado)
13h00 – Argentina x Brasil, em Montevidéu
15h45 – Uruguai x Chile, em Montevidéu