Os Pumas podem vencer os All Blacks?

Acho que eu não sei o que representará uma vitória dos Pumas amanhã sobre os “Mighty All Blacks”. Para o mundo do rugby talvez seja só mais um tabu que se quebra e a Argentina carimbará sua permanência como equipe tier 1 do rugby mundial. Para um argentino será muito mais que isso.

Os jogadores, mais do que esperançosos, estão confiantes que podem vencer, não poderia ser diferente. Contudo, existe uma esperança enorme na população que acompanha o esporte. E não estamos falando de um punhadinho de hermanos gritando “Vamos Pumas”, estamos falando de um fanatismo pela camisa listrada branca e celeste que conseguiu esgotar os ingressos para essa partida há mais de dois meses.

Acredito numa certa catarse social caso conquistem a vitória, algo que a presidente (ou será que ela também quer ser chamada de presidenta) Cristina Kirchner vai comemorar junto, sonhando que o povo esqueça a bancarrota que o país se encontra.

Mas infelizmente, que me perdoem os amigos argentinos, não acredito que será dessa vez.

Primeiro existe a questão técnica, de 1 a 15 a seleção neozelandesa tem mais qualidade, nada de discrepâncias extremas entre as equipe titulares, mas não podemos negar que os homens de preto tem jogadores mais versáteis que possibilitam variações de jogo sem trocas com o banco.

Na verdade, o banco é o grande problema. Enquanto na Nova Zelândia sai um jogador bom e entra outro melhor ainda, na Argentina os reservas não conseguem manter o padrão Puma de qualidade.

Depois tem a questão da experiência em competições internacionais, é só olhar o número de jogos que os jogadores mais veteranos sustentam. Se na Argentina o veterano guerreiro Rodrigo Roncero no alto dos seus 35 anos e mais 14 anos jogando pelos Pumas tem 53 partidas pela seleção. Na Nova Zelândia Richie McCaw já jogou 110 vezes em 11 anos com a camisa negra da Nova Zelândia. Afora outros quatro jogadores, como Dan Carter, Keven Mealamu já ultrapassaram a barreira dos 80 jogos.

A experiência de jogar competições internacionais também é uma disparidade a favor dos All Blacks, dos 110 jogos que McCaw disputou, quase 80% deles eram campeonatos como a Copa do Mundo, Tri-Nations (antigo TRC) e Bledisloe Cup. Já com Roncero a estatística é invertida, 70% dos jogos que fez com a camisa dos Pumas foram amistosos. Esse cenário se repete com TODOS os jogadores da Argentina. Experiência em competições vale muito!

Outro problema dos Pumas é o físico, apesar da garra (e se não fosse ela não sei como seria) o time morre depois de 60 minutos de jogo. Foi assim contra os All Blacks e foi assim contra a Austrália quando os Pumas virão sua primeira vitória no TRC escorregar pelas mãos encharcadas de suor e superação.

Entretanto, não dá para negar, os Pumas surpreendem a cada jogo e foram eles quem melhor se portou diante a velocidade de jogo dos All Blacks. Os argentinos (não tenho o scout aqui, mas o chute não é cego) são a equipe que mais tackleia e possuem o melhor sistema defensivo da competição.

Falta um pouco de sorte (como foi no empate contra África do Sul em Mendoza) e mais opções de ataque (vem melhorando a cada jogo), os Pumas não são uma equipe criativa, eles tem lampejos de criatividade.

De qualquer forma esse primeiro TRC vem sendo uma experiência muito positiva para o rugby argentino e eu não duvido nada que em 2019 (com sete anos de TRC nas costas) nós vejamos um “de los gordos” da Argentina levantando a Webb Ellis.

Como escrevi acima, não acho que a primeira vitória vem amanhã, mas eu já me enganei com os argentinos antes (é só lembrar do sul americano de Seven disputado no Rio de Janeiro esse ano, estou devendo o pulo do Cristo Redentor até hoje e tem um uruguaio chato que fica me lembrando disso sempre) e posso me enganar novamente.

Para animar os brazucas e argentinos que estão aqui torcendo para os Hermanos (e não são poucos) vejam abaixo um pouco da história de Pumas vs All Blacks nesse clipe produzido pelo pessoal da ESPN Argentina.

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