Múmias incas: crianças sacrificadas tinham ingerido drogas e álcool – HypeScience

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Os testes feitos em três múmias encontradas na Argentina nos dá novas informações sobre a prática inca do sacrifício de crianças. Os cientistas revelaram que drogas e álcool desempenharam um papel fundamental nos meses e nas semanas que antecederam a morte das crianças.

Experimentos com uma delas, um pouco mais velha do que as outras, aparentando já ser adolescente, sugerem que ela estava fortemente sedada pouco antes de sua morte. O estudo foi publicado na revista “Proceedings”, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.

A pesquisadora Emma Brown, do departamento de ciências arqueológica da Universidade de Bradford, no Reino Unido, explica que os registros espanhóis daquela época sugerem que as crianças eram sacrificadas por diversas razões: “Marcos importantes na vida dos incas, em tempos de guerra ou catástrofes naturais, além de existir um calendário de rituais também”, conta.

Os restos mumificados foram descobertos em 1999, e estavam enterrados em um santuário perto do cume de 6.739 metros de altura do vulcão Llullaillaco, na Argentina. Entre as três crianças estavam uma adolescente de 13 anos, um rapaz mais jovem e uma menina, que se imagina ter cerca de quatro ou cinco anos de idade. Seus restos datam de cerca de 500 anos atrás, durante o tempo do Império Inca, que dominou a América do Sul até a chegada dos europeus no final do século 15.

“A preservação é fenomenal, eles foram chamados de ‘as múmias mais bem preservadas em todo o mundo’”, relata Brown. “Essas três crianças parecem que estão dormindo”.

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A equipe internacional de pesquisadores usou testes forenses para analisar as substâncias químicas encontradas no cabelo das crianças. Eles descobriram que os três haviam consumido álcool e folhas de coca (da qual a cocaína é extraída) nos meses finais de suas vidas. Registros históricos revelam que essas substâncias eram reservadas à elite e muitas vezes eram utilizadas em rituais incas.

Uma análise do cabelo da adolescente, que era maior do que o cabelo das vítimas mais jovens, revelou mais. Conhecida como “a donzela de Llullaillaco”, provavelmente era considerada mais valorizada do que as crianças mais novas por ser virgem. Os testes feitos em suas longas tranças revelaram que seu consumo de coca aumentou acentuadamente no ano anterior à sua morte.

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Os cientistas acreditam que este período corresponde ao tempo que ela foi escolhida para o sacrifício. Pesquisas anteriores também revelam que sua dieta mudou nesse ponto – passou de uma comum aos camponeses locais, baseada em batatas, para um rico cardápio que incluía carne e milho. “Pelo que sabemos dos relatos dos espanhóis, as mulheres particularmente atraentes ou talentosas eram as escolhidas. Os incas realmente tinham alguém que saía à procura dessas mulheres jovens, que eram tiradas de suas famílias”, explica Brown.

Os resultados também revelaram que a menina ingeriu grandes quantidades de álcool nas últimas semanas de sua vida. Descobriu-se que ela estava fortemente sedada antes de ser levada (assim como as outras crianças) para o vulcão, colocada em seu túmulo e deixada para morrer.

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“No caso da adolescente, não há nenhum sinal de violência. Ela está incrivelmente bem cuidada: tem uma boa camada de gordura, o cabelo bem arrumado e roupas bonitas”, conta Brown. “Neste caso, acreditamos que, pela combinação do álcool e do frio que fazia no local (a montanha fica a mais de 6 mil metros acima do nível do mar), ela faleceu calmamente”, completa.

As múmias estão agora no Museu de Arqueologia de Salta, Argentina. [BBC]

Bruno Calzavara Bruno Calzavara é recém-formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e está de volta à equipe do Hype após dois anos. Adora todos os esportes, exceto futebol. Gosta de chocolate e de sorvete, mas não de sorvete de chocolate.



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