Masp abre exposição com mais de 80 obras do argentino León Ferrari


León Ferrari é um artista argentino que não conseguiu escapar da ditadura. É um pouco sobre isso que fala a exposição aberta no Museu de Arte de São Paulo (Masp), com mais de 80 obras. Ferrari veio para o Brasil em 1976, refugiado da Argentina governada por uma junta militar.

Ele passou a viver sob o governo autoritário brasileiro, que havia sido iniciado com o golpe de 1964 e ainda duraria mais nove anos. Mesmo distante dos generais argentinos, sofreu com a brutalidade da ditadura em seu país natal. Enquanto estava no exílio, seu filho Ariel foi sequestrado e assassinado pelos agentes da repressão.

Aberta até o próximo dia 21 de fevereiro, a exposição Entre Ditaduras está centrada na produção do artista no período em que viveu na capital paulista, de 1976 a 1991. Obras que criticam não só os sistemas autoritários, mas também a religião como forma de dominação.

Curador da mostra, Tomás Toledo ressaltou que Ferrari foi “um crítico ferrenho dos sistemas religiosos e das religiões, sobretudo da Igreja Católica”, a qual considerava “um sistema doutrinador e opressor da sociedade”.

Nas obras com esse viés, Ferrari costumava trabalhar com técnicas de justaposição, mesclando figuras do imaginário católico com imagens de jornais e revistas, como guerras e atrocidades. Ele também conectava-se às referências religiosas com um repertório de imagens eróticas.

“Isso ocorreu em uma série denominada Releitura da Bíblia, onde ele apresentou trechos dos cânticos, que é um momento mais erótico da Bíblia, com imagens da iconografia cristã sobrepostas a cenas eróticas da iconografia hindu ou japonesa”, detalhou Toledo.

  • Foto: Redação
  • Fonte: Redação
  • Postador: Surgiu SP

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