Justiça argentina inocenta presidente Macri em caso de espionagem

BUENOS AIRES  -  Na presidência da Argentina há 20 dias, Mauricio Macri obteve nesta terça (29) uma importante vitória na Justiça: foi inocentado de um processo, que corria há cinco anos, em que era acusado de suposta espionagem.

Ex-chefe de governo da capital, Buenos Aires, Macri foi acusado de ordenar as escutas de conversas telefônicas do seu então cunhado, Néstor Leonardo, e do adversário político Sergio Burstein.

A decisão, do juiz Sebastián Casanello, foi divulgada nesta terça, mas ainda cabe recurso dos espionados.

No despacho, o magistrado argumenta que não há provas que responsabilizem diretamente Macri pela espionagem. Outros, como o então chefe da polícia da capital, Jorge Palacios, seguem respondendo ao processo.

A mudança de ares em favor de Macri começou logo após sua vitória eleitoral, no fim de novembro.

O promotor do caso, Jorge Di Lello, que até então defendia a condenação, mudou de avaliação e sugeriu a absolvição. Alegou que, como chefe de governo, ele não poderia ter conhecimento das atividades dos seus funcionários.

A acusação era que Macri teria ordenado a espionagem usando um aparato montado por Palacios no governo.

Macri acabou processado, em maio de 2010, por violação de sigilo, abuso de autoridade e associação criminosa. Mas recorreu, e o caso foi parar nas mãos de Casanello, que levará os acusados a um tribunal oral (com a participação de jurados).

Segundo Casanello, não havia provas de que a ordem teria partido de Macri e que, segundo testemunhas, Palacios teria interesses próprios na espionagem.

"Uma coisa é a responsabilidade política, ou a de governo, por haver tomado decisões que podem ser criticadas ou censuradas (...); outra é atribuir responsabilidade criminal por haver participado de atividades ilícitas", sustentou o juiz.

Advogado do ex-cunhado de Macri, Luis Conde comentou, com ironia, o desfecho do caso. Disse que o presidente ganhou "um bom presente de fim de ano". Segundo Conde, "aqueles que diziam 'não' agora dizem 'sim'".

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