Estoque de pele é suficiente para tratar todos os feridos em SM

Com a doação de tecidos de bancos de pele de São Paulo e Recife, além de carregamento doado por Argentina, Chile e Uruguai, a Central de Transplantes do Estado reuniu estoque suficiente para tratar todas as vítimas de queimaduras em Santa Maria. Os enxertos serão necessários em 30 pacientes internados com queimaduras graves depois do incêndio na boate Kiss, que custou a vida de 235 pessoas no último domingo.

Um dos coordenadores do banco de pele da Santa Casa de Porto Alegre, Pedro Bins Ely, explica que a pele humana funciona como um curativo biológico que impede infecções e interrompe a desidratação do paciente, diminuindo a dor. “Essa pele será rejeitada porque é de outra pessoa, mas é fundamental enquanto o paciente não tem condições de passar por um procedimento de retirada e enxerto da própria pele”, destacou.

Depois da tragédia em Santa Maria, seguem em tratamento 134 feridos - cerca de 75 ainda correndo risco de morte por terem sofrido lesões inalatórias. Desse total, pelo menos 20 tiveram mais de 80% do corpo queimado. O restante apresentou sintomas de pneumonia química, quando o sistema pulmonar é prejudicado.

O incêndio na boate Kiss – que fica na Rua dos Andradas, Centro de Santa Maria – começou por volta das 2h30min de domingo. Cerca de 1,5 mil pessoas estariam no local, a maioria participando de uma festa organizada por estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Segundo testemunhas, o fogo teria começado quando um dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que acabara de subir ao palco, lançou um sinalizador. O comandante do Corpo de Bombeiros, Coronel Guido Pedroso de Melo, afirmou que o objeto teria enconstado numa forração de isopor.

As pessoas não teriam percebido o fogo de imediato, mas assim que o incêndio se espalhou, a correria teve início. Testemunhas relataram que, a princípio, parecia uma briga e os seguranças fizeram um cordão de bloqueio. Mas, quando viram que era um incêndio, liberaram a passagem.

Conforme relatos, os extintores posicionados na frente do palco não funcionaram e a pessoas tiveram que recorrer a equipamentos que ficavam mais distantes. Em pânico, muitos não conseguiram encontrar a única porta de saída do local e correram para os banheiros. Aqueles que conseguiram fugir em direção à saída, ficaram presos nos corrimões, usados para organizar as filas. A boate foi tomada por uma fumaça preta e as pessoas não conseguiam enxergar nada.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a maioria morreu asfixiada dentro dos banheiros ou na parte dos fundos da boate. Os próprios socorristas passaram mal em razão da fuligem. Muita gente que conseguiu escapar voltou para ajudar os outros. Os sobreviventes foram levados para o Hospital de Caridade, o Hospital Universitario de Santa Maria (HUSM) e o Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Os feridos em situação mais grave foram encaminhados a instituições de saúde de Porto Alegre. Os corpos foram encaminhados ao ginásio municipal para reconhecimento por familiares.

Fonte: Samantha Klein/Rádio Guaíba

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