Dunga abandona promessa de estilo “paz e amor” já no terceiro jogo

Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Do UOL

O técnico Dunga voltou à direção da seleção em julho passado, após distância de quatro anos, com a promessa de mostrar uma outra face de sua personalidade. A ideia era deixar no passado o estilo de confronto com imprensa e adversários em nome de um tom mais conciliatório, minando assim o maior foco de críticas sobre seu trabalho anterior na equipe nacional, de 2006 a 2010. No entanto, a vitória sobre a Argentina em Pequim no sábado resgatou o velho e conhecido comportamento do treinador gaúcho – o comandante “sangue quente” ofuscou o novo líder diplomático.

A conquista do Superclássico das Américas em Pequim acabou marcada pela discussão de Dunga dentro de campo com Jorge Pautasso, auxiliar-técnico da seleção argentina. Dois dias depois, em entrevista coletiva nesta segunda-feira na Cingapura, o treinador se envolveu em atrito com profissionais da Rede Globo.

Enquanto a bola rolava no estádio Ninho de Pássaro, Dunga e o argentino Pautasso trocaram provocações na linha lateral. As câmeras da transmissão do Sportv flagraram o brasileiro fazendo sinais com a mão no nariz, em referência aparente ao consumo de cocaína, e repetindo a frase: “tu é igualzinho”. Mais tarde, o treinador afirmou que a discussão, na verdade, teria sido com o massagista adversário.

Nesta segunda-feira, na entrevista após o treino no National Stadium, palco da partida de terça contra o Japão, Dunga contestou o teor de uma pergunta feita pelo repórter Tino Marcos, justamente sobre o episódio de Pequim. Depois da tradução para o inglês, foi a vez de o narrador Galvão Bueno intervir no debate.

RELAÇÃO FOI DISTANTE NA PRIMEIRA PASSAGEM

A relação conturbada com a Rede Globo marcou a primeira passagem de Dunga à frente da seleção. Na oportunidade, o técnico revisou a tradição de entrevistas exclusivas e liberdade de atuação da emissora em espaços de concentração e trabalho da equipe.

Tudo isso mesmo com o fato de a emissora ser detentora de jogos amistosos e oficiais da seleção. À época, a atitude foi vista como uma resposta à desorganização de mídia testemunhada durante a Copa de 2006, desde a preparação na Suíça.

Neste período, em algumas ocasiões, o treinador bateu boca com jornalistas da emissora. A mais célebre delas aconteceu durante a Copa de 2010, quando o microfone da entrevista coletiva captou ofensas de Dunga a Alex Escobar. Dois anos mais cedo, após a conquista do bronze na Olimpíada de Pequim, o técnico desabafou com palavrões em campo e, em seguida, fez provocações durante a conferência de imprensa.

Agora em 2014, ao assumir a seleção após a Copa, Dunga admitiu que cometeu exageros no relacionamento na imprensa e prometeu se esforçar para melhorar a convivência em sua “segunda chance”. Dias depois, o treinador concedeu sua primeira entrevista exclusiva no cargo para o Fantástico, da TV Globo, mantendo o mesmo discurso diplomático.

Confusões à parte, esportivamente os resultados de Dunga são os mais otimistas possíveis em sua largada na seleção. Até aqui foram três vitórias contra adversários sul-americanos, com nenhum gol sofrido. Antes da vitória sobre a Argentina na China, a equipe bateu Colômbia e Equador, em ambas as partidas com placar de 1 a 0.

Nesta terça-feira o Brasil enfrenta o Japão em Cingapura. O jogo amistoso terá início às 7h45 (de Brasília).

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