Diretor de ‘Amy’ e ‘Senna’ quer fazer filme sobre Maradona


O cineasta britânico Asif Kapadia, diretor dos documentários sobre a vida - e a morte - de Amy Winehouse e Ayrton Senna, tem um novo personagem em mente para o seu próximo projeto: o argentino Diego Maradona. Segundo a revista The Hollywood Reporter, como o homenageado da vez ainda está vivo, Kapadia planeja focar o filme em uma época específica da vida do ex-atleta. O período escolhido foi aquele em que o jogador atuou na equipe italiana Napoli, nos anos 1980.

Os filmes de Kapadia sobre Amy e Senna foram mundialmente elogiados. O documentário sobre a cantora lhe rendeu indicações ao Oscar e ao BAFTA deste ano na categoria de melhor documentário. O diretor já havia declarado que, mesmo antes de produzir Senna, tinha planos de falar sobre a vida de Maradona. "Fui levado por seu caráter, sua genialidade, honestidade, paixão, humor e vulnerabilidade. Eu era fascinado por sua vida, havia momentos de incrível brilho e dramas, ele era um líder, levando suas equipes até o topo, mas também teve muitas quedas na sua carreira", disse ele à The Hollywood Reporter.

Maradona começou sua carreira no Napoli em 1984. Essa época foi considerada o auge da sua carreira, já que, em 1986, a seleção argentina venceu a Copa do Mundo. No entanto, o período não foi só de glórias, pois também começaram a surgir polêmicas de que o jogador estava envolvido com drogas e com a máfia local.

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Atualmente, Kapadia está envolvido em um longa sobre a banda inglesa Oasis, no qual atua como produtor. Não há previsão de estreia do filme.

As confusões e canalhices de Maradona

  • Os filhos não reconhecidos

    No auge de sua carreira, em 1986, Diego Maradona engravidou sua empregada doméstica na Itália, Cristiana Sinagra. Da escapulida, nasceu Diego Maradona Sinagra, filho jamais reconhecido pelo craque. Aos 26 anos, Maradona Junior, como ficou conhecido, é jogador de futebol e, apesar de nunca ter conseguido encontrar o ex-craque, diz ter o pai como ídolo. "Minhas filhas legítimas são Dalma e Gianina. Os outros são filhos do dinheiro ou de equívocos", afirmou o ex-jogador, que teve duas filhas de seu casamento com Claudia Villafañe. Em 1996, Maradona teve outra filha fora do casamento: Jana Maradona se manteve anônima até este ano, quando, segundo a imprensa local, se encontrou com o ex-jogador pela primeira vez. No ano passado, Maradona teve seu quinto filho, Diego Fernando, este reconhecido, fruto de seu relacionamento com a modelo Verónica Ojeda.

  • O vício em cocaína

    Maradona teve seu primeiro contato com as drogas quando ainda era jogador do Barcelona, no início da década de 1980. No entanto, os problemas com cocaína e outras substâncias se agravaram em Napoli, onde Diego se tornou ídolo absoluto. Em 1991, ele foi obrigado a deixar a Itália quase como foragido após protagonizar um dos maiores escândalos do futebol - suspenso pelo uso de cocaína, ele ainda se envolveu com denúncias de prostituição, e foi ameaçado por mafiosos napolitanos. A partir daí, seu envolvimento com as drogas ficou cada vez mais evidente. Naquele mesmo ano, foi preso em Buenos Aires completamente drogado. Recuperado, viajou para a Copa do Mundo de 1994 e vinha fazendo um belo Mundial até ser novamente flagrado em exame antidoping. Aos 37 anos, Maradona abandonou definitivamente os gramados, derrotado pelo vício. No início dos anos 2000, obeso, Maradona teve sua primeira overdose pública e escapou por muito pouco da morte. Internado em Cuba, teve o auxílio do amigo ditador Fidel Castro e conseguiu se reestabelecer. Anos depois, reapareceu magro e saudável e voltou a trabalhar, como apresentador de TV e, posteriormente, treinador de futebol.

  • As agressões a jornalistas

    Maradona tem um vasto histórico de confusões com jornalistas. No último desentendimento, em agosto deste ano, ele deu um tapa na cara de um repórter ao ser irritar com uma pergunta sobre seu ambiente familiar. “Nem vocês nem seus chefes vão me dizer o que tenho que fazer. Eu tenho um ambiente feliz. Parem de me incomodar, porque tenho 53 anos, já não sou o Dieguito, sou o Diego Armando Maradona", gritou após a agressão. Esse incidente, no entanto, foi insignificante perto do que Maradona aprontou em 1994: irritado com a presença de jornalistas de plantão em frente à sua mansão, Maradona usou uma espingarda de ar comprimido e atirou contra eles. Por sua atitude, foi condenado a dois anos de prisão, mas escapou de ir para a cadeia após pagamento de fiança.

  • As ofensas contra Pelé

    A rivalidade entre Maradona e Pelé, que já se justificaria pelas nacionalidades dos craques, a genialidade de ambos e suas façanhas nos gramados, extrapolou as quatro linhas, sobretudo depois da aposentadoria de Maradona. Visto como um deus na Argentina, Maradona atacou o rei do futebol em diversas ocasiões, inclusive com acusações pessoais, como a de que Pelé teria tido sua primeira experiência sexual com um garoto – a expressão “Pelé debutó con un pibe” se tornou um clássico da cultura portenha. Com um pouco mais de elegância, Pelé já citou os problemas de Maradona com drogas para também ridicularizar o rival. A rixa, no entanto, ganhou uma trégua em 2005, quando Pelé aceitou o convite do argentino para participar da estreia de Maradona como apresentador de TV. “Ele me pediu apoio e eu aceitei, foi maravilhoso, até cantei”, declarou Pelé na ocasião. Neste ano, Maradona voltou ao ataque contra Pelé e ainda incluiu o alemão Franz Beckenbauer. "Esses dois, que saíram do museu, dizem coisas estúpidas porque são dois idiotas, a mando da Fifa”, disse.

  • A água batizada de 1990

    A seleção brasileira foi eliminada da Copa do Mundo de 1990 ao perder por 1 a 0 para a Argentina nas oitavas de final. Além da arrancada de Maradona e do gol de Caniggia, aquela partida em Turim ficou marcada por uma trapaça admitida por Maradona anos depois. Em um programa de TV argentino, o ex-camisa 10 confessou que integrantes da comissão técnica argentina deram, intencionalmente, uma garrafa de água contaminada com sonífero ao lateral brasileiro Branco, que diz ter passado mal durante o encontro. Em tom debochado, Maradona se divertiu. “O Branco tomou, depois vinha Valdo, e eu pensava: que tomem todos os bons do time deles”.

  • O doping em 1994

    Em 25 de junho de 1994, Maradona disputou sua última partida em Copas do Mundo – uma vitória suada da Argentina sobre a Nigéria por 2 a 1. A cena que entrou para a história daquele duelo, porém, não foi nada honrosa para Diego. Após a partida, o camisa 10 foi sorteado para o exame antidoping e, sorridente, deixou o gramado abraçado à enfermeira americana Sue Carpenter. Horas depois veio a notícia chocante para os argentinos: pelo uso de efedrina, uma substância proibida pela Fifa, Maradona estava suspenso do Mundial. Apesar de seu histórico nada favorável, o craque argentino “jurou pelas filhas” que o teste era uma farsa e levantou as mais mirabolantes teorias conspiratórias. Depois daquela tarde em Foxborough, Maradona entrou em franca decadência, antes de encerrar sua carreira em 1997, no Boca Juniors.

  • Os xingamentos no hino

    Maradona não é o tipo de pessoa que se intimida com vaias, nem mesmo vindas de um país inteiro. Na final da Copa de 1990, diante da Alemanha, a torcida italiana (ainda doída pela derrota da Azzurra para a Argentina na semifinal) vaiou o hino argentino no Estádio Olímpico de Roma. Inconformado, o então jogador do Napoli não teve dúvidas e xingou os torcedores italianos ("hijos de p...") em alto e bom som, diante das câmeras de TV. Após a partida, ainda negou um cumprimento ao brasileiro João Havelange, então presidente da Fifa e seu grande desafeto. 

  • A batalha campal de 1984

    Maradona não foi feliz em sua passagem pelo Barcelona, entre 1982 e 1984. Sua trajetória no clube catalão chegou ao fim com uma briga generalizada na final da Copa do Rei, diante do Athletic Bilbao, no Santiago Bernabéu. Meses depois de sofrer uma grave lesão após entrada duríssima de Andoni Goikoetxea (que ficou conhecido como "O Açougueiro de Bilbao"), Maradona reencontrou seu algoz na decisão. Derrotado por 1 a 0, Maradona perdeu a cabeça após a partida e iniciou uma briga generalizada, na qual distribuiu voadoras e pontapés. Por sua má conduta, Maradona recebeu três meses de suspensão e foi obrigado a pedir desculpas ao rei Juan Carlos. Pouco depois, deixou o clube para fazer história no Napoli, da Itália. 

  • Os acidentes de carro

    Maradona parece não ter no volante a mesma habilidade que tinha nos gramados. Nos últimos anos, o craque argentino se envolveu em pelo menos dois acidentes automobilísticos. Em 2006, foi acusado de atropelar com sua camionete um casal que se encontrava em uma cabine telefônica. Ambos sofreram apenas ferimentos leves e Maradona escapou de punição. Em 2011, o carro dirigido pelo ex-jogador se chocou contra um ônibus em Ezeiza, próximo ao aeroporto internacional. Maradona sofreu uma pancada no joelho, foi encaminhado ao hospital, mas se recuperou rapidamente.

  • A briga na Croácia

    A mais recente confusão de Maradona aconteceu na Croácia. Poucos dias depois de participar do Jogo pela Paz e de se encontrar com o papa Francisco, no Vaticano, o ídolo argentino foi flagrado em uma briga na cidade croata de Dubrovnik, onde passava férias. Em um vídeo feito com um celular e divulgado pelo jornal local Dubrovacki, Maradona é visto aos gritos, correndo em direção a outra pessoa, na saída de uma casa noturna, aparentemente bêbado. As imagens são de baixa qualidade, tornando difícil entender o que realmente aconteceu na saída da boate. Mas é possível ouvir o barulho de uma garrafa de vidro quebrando – que, segundo testemunhas, foi arremessada pelo argentino – e xingamentos de Maradona contra seu ex-genro, o atacante argentino Sergio "Kun" Aguero, do Manchester City.


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