Deus e o diabo

Efedrina, norefedrina, pseudoefedrina, norpseudoefedrina e metaefedrina... Decididamente, esta não é a melhor forma de começar um texto, não é pelo menos a mais bonita, mas nem tentem ir ao dicionário. Explica-se muito facilmente a complicação: foram estas as substâncias dopantes encontradas na urina de Maradona, apanhado assim de forma cruel nas malhas do doping, algo que já lhe tinha acontecido em 1991, quando estava ao serviço do Nápoles, o que então lhe valeu 15 meses de suspensão pela FIFA. A análise positiva, mais do que positiva..., foi feita no jogo entre a Argentina e a Nigéria, a 25 de Junho, e esse encontro marcaria assim a despedida do astro argentino em campeonatos do mundo. El Pibe ainda marcou um golo neste torneio, no 4-0 imposto à Grécia (Batistuta marcou os outros três), mas, depois do jogo com os africanos, o segundo da fase de apuramento, recebeu guia de marcha e voltou mais cedo para casa, com a celeste a aguentar-se, mas a cair nos oitavos de final.

A Argentina não ficou calada e tentou a contra-análise, que daria igualmente positiva. Maradona foi claro: "Juro pelas minhas filhas que não me dopei para jogar". Há uma série de versões à volta deste assunto que marcou também o mundial americano. Um ano depois, o livro "Inocente", assinado por dois jornalistas argentinos, contava a história mais bizarra: a comitiva das pampas foi a uma igreja de Boston para receber uma simples benção, e na hora de comungar "calhou" ao pequeno dios uma hóstia carregada de efedrina. E tudo faria parte de um esquema montado pela CIA (no qual o padre estaria envolvido, obviamente) que não queria que no mundial dos states estivessem desportistas que tivessem uma relação ou uma história com a droga. Maradona tinha esse pecado anterior de quando jogava no Nápoles e já se falava demasiado dos seus excessos extra relvado. Nada disto ficou provado. O astro argentino saiu triste e seguiu a carreira por mais dois anos, no seu Boca Juniors, mas já só deu alguns toques de génio e sete golos em dois anos.

Um deus do futebol traído por um diabo chamado droga.

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