Comissão da Verdade pedirá apoio de Justiça argentina sobre …

Por Ítalo Nogueira
RIO DE JANEIRO, RJ, 30 de outubro (Folhapress) - A Comissão Estadual da Verdade do Rio disse hoje que vai pedir auxílio da Justiça da Argentina para identificar militares brasileiros que participaram da detenção do jornalista argentino Norberto Habegger.
Ele desapareceu no Rio entre julho e agosto de 1978 e é apontado como uma das vítimas da Operação Condor -acordo entre governos militares da América Latina para perseguir e prender militantes de esquerda.
A Justiça argentina instaurou em março processo contra militares do país que participaram da operação, que integrou os sistemas de repressão das ditaduras do Cone Sul (Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Bolívia e Paraguai). O pedido será feito através do governo federal, em conjunto com a Comissão Nacional da Verdade.
"Em conjunto com a Comissão Nacional [da Verdade] vamos estudar a melhor forma jurídica para ingressarmos no processo [argentino] pedindo esclarecimentos, inclusive, em relação aos agentes brasileiros que participaram do sequestro do Norberto", disse o presidente da comissão do Rio, Wadih Damous, após o depoimento do filho do jornalista, o cineasta Andrés Habegger.
Durante a sessão, a comissão entregou à cônsul argentina no Rio, Alana Lomonaco, documento do Centro de Informações da Aeronáutica (Cisa) que comprova a troca de informações entre os sistemas de inteligência dos regimes ditatoriais do Cone Sul.
Habegger era secretário de organização dos Motoneros, grupo guerrilheiro que combatia a ditadura argentina, e desembarcou no Brasil para uma reunião com dois companheiros. Não se sabe em que momento ele foi detido, mas Andrés obteve relatos de que ele foi visto em campos de detenção da ditadura argentina no fim de 1978.
"O caso do meu pai é uma prova da existência da coordenação entre as ditaduras da América Latina. Sabe-se que três militares argentinos viajaram da Argentina para o Rio. Os militares brasileiros, por sua vez, não foram uma parte menor, mas sim uma parte importante no sequestro do meu pai", disse Andrés.
O jornalista ingressou no Brasil sob o nome falso de Hector Esteban Cuello. Segundo Andrés, ele pretendia alterar sua identidade falsa porque já a usava há muito tempo. "Ele já estava usando esse nome há algum tempo e estava para mudar, com medo de ser identificado". 

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