Clássico nada pacífico! Rivalidade entre Chile e Peru extrapola o …

Pelos títulos conquistados e tradição, o maior clássico sul-americano é entre Brasil e Argentina. Porém, quando se fala de história, política, sociologia, e até tensão, um dos jogos de maior rivalidade entre seleções acontecerá nesta segunda-feira, pela semifinal da Copa América. Chile e Peru fazem o famoso Clássico do Pacífico e revivem um choque de mais de 100 anos, e que teve até um novo capítulo na semana passada e praticamente não teve paz, ao contrário do que sugere o nome da partida.

Tudo começou em 1879, na Guerra do Pacífico. Que tinha ainda a Bolívia, curiosamente rival derrotado pela Roja nas quartas. O Chile tinha boa relação com a Inglaterra, que usava o país para defender os seus interesses imperialistas na América do Sul.

Reprodução da Guerra do Pacífico, que aconteceu no século 19 (Foto: Divulgação)
 

Chile e Bolívia disputavam o controle da área do deserto do Atacama, que garantia aos bolivianos a saída ao mar. Diretamente interessado, o Peru entrou na guerra contra os chilenos, já que viviam crise financeira e tinham uma aliança secreta com a Bolívia.

Os conflitos aconteceram no mar e em terra. O Chile chegou a ocupar Lima e levou diversas lembranças a Santiago. Com apoio americano, o Peru resistiu, mas acabou cedendo a província de Tarapacá. Em 1884, enfim terminou a guerra, com vitória chilena, que conseguiu territórios estratégicos dos dois países.

O Chile ganhou o conflito e anexou Tarapacá, até então do Peru, e Antofagasta, da Bolívia. Este segundo país acabou ficando sem acesso ao mar. E ambos ficaram com longas cicatrizes por causa disso.

Clima não é dos melhores entre Ollanta Humala e Michelle Bachelet, presidentes de Peru e Chile, respectivamente (Foto: AFP
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Na década de 1950, um paralelo determinou a divisão marítima entre Chile e Peru. Mas o país de Guerrero pediu uma mudança em 2008 e acabou ganhando 38 mil quilômetros quadrados no Oceano Pacífico no ano passado, em decisão da Corte Internacional de Justiça de Haia, na Holanda. Trata-se de uma área rica em anchoveta, um peixe que traz uma farinha com enorme poder de exportação. Serve para fertilização e produção de ração animal.

Para piorar o clima, durante esta semana, Ollanta Humala, presidente do Peru, demonstrou apoio à Bolívia na reivindicação de voltar a ter uma saída ao mar.

A rivalidade, claro, foi para o campo também. Elas se enfrentaram 76 vezes, sendo um o adversário mais comum do outro - embora a Roja tenha a jogado também em 76 oportunidades contra o Uruguai. Os chilenos têm ampla vantagem: 41 a 21. Advíncula, um dos destaques dos Incas no torneio, mostra-se confiante para o jogo.

Na Copa América de 2011, Chile venceu o Peru na fase de grupos com gol no finzinho (Foto: Arquivo LANCE!)
 

- Nem Sánchez, nem Vidal me assustam. São bons jogadores, mas também temos os nossos. É um clássico difícil e é hora de mudar a história - disse o jogador ao jornal "Trome".

Do outro lado, Jorge Sampaoli foi questionado sobre a rivalidade. O argentino minimizou a situação.

- Vamos jogar dentro de campo. Essa equipe não golpeia, não se mete em disputas e joga o jogo, sem enfrentamentos externos - disse.

Jogos entre os rivais costumam ser disputados (Foto: Ernesto Benavides/AFP)
 

Quando se fala em Copa América, há mais equilíbrio. Foram 19 partidas até agora, com sete vitórias chilenas, seis peruanas, além de seis empates. Em 1974 e 1986, o Chile tirou a chance dos rivais de irem à Copa do Mundo, com o troco acontecendo no meio, em 1978. Nesta segunda, no Nacional, vale vaga na final e é garantia de mais história.

FICHA TÉCNICA
CHILE X PERU

Local: Estádio Nacional, em Santiago (CHI)
Data-hora: 29/06/2015, às 20h30 (de Brasília)
Árbitro: José Argote (VEN)
Auxiliares: Jorge Urrego (VEN) e Byron Romero (EQU)

CHILE: Bravo, Isla, Silva, Medel e Mena; Díaz, Aránguiz, Vidal e Valdivia; Vargas e Sánchez. Técnico: Jorge Sampaoli
PERU: Gallese, Advíncula, Zambrano, Ascues e Vargas; Lobatón, Ballón, Cueva e Sánchez; Farfán e Guerrero. Técnico: Ricardo Gareca

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