Neste começo de ano, os competidores brasileiros começam a pensar no Rally Dakar e alguns já desembarcaram em Lima, no Peru, nesta semana. A competição será realizada entre os dias 05 e 20 de janeiro, no Peru, na Argentina e no Chile.
Bruno Sperancini e o navegador Thiago Vargas, da equipe Prominas Racing, chegaram nesta manhã até a capital peruana e, depois de deixarem seus pertences no hotel, já se encaminharam até o bairro de Magdalena, onde está instalada a estrutura montada para receber os competidos, chamada de ‘Village Dakar’.
"Ainda restam alguns detalhes para fecharmos, como retirar o credenciamento, fazer o reconhecimento do local, realizar os últimos testes do nosso UTV Polaris RZR XP 900, que foi preparado na França, pela Xtreme Plus, entre outros detalhes. Precisamos estar seguros de que tudo está devidamente pronto, afinal, serão 8.574 quilômetros, com 4.155 de trechos cronometrados", frisou Bruno Sperancini.
Thiago Vargas também não escondeu a expectativa de disputar uma das provas mais tradicionais do mundo. "É... Está chegando a hora. É difícil controlar a ansiedade, pois faremos nossa estreia no maior rali do planeta, o que seria uma Copa do Mundo, para o futebol", disse o navegador.
A largada da 35ª edição do Rally Dakar será na Praia de Chorrillos, às margens do Oceano Pacífico. No dia 5, os pilotos e navegadores vão passar pelo pórtico do Dakar para serem apresentados ao público. O evento conta com mais de 500 veículos, entre motos, quadriciclos, UTVs, carros e caminhões. E depois da largada, na cidade de Lima, a cidade de Pisco será o primeiro ponto de parada dos participantes. Serão 15 intensos dias de disputa, com passagens pelo famoso deserto do Atacama e a chegada final, em Santiago, no Chile.
Marcos Baumgart e seu navegador Kleber Cincea, que vão participar do Dakar a bordo do Mitsubishi Pajero MPR, carro campeão em 2007, fazem sua estreia no maior rali do planeta representando a equipe Brasil de Rally. Os dois já têm experiência no Rali dos Sertões, já que Marcos foi campeão na categoria protótipos T1, em 2006, e Kleber já tem dois vices na mesma categoria do companheiro. Juntos, os dois já ganharam o evento de abertura da edição 2012, o Super Prime, e terminaram em terceiro na T1 e sexto na geral de carros.
E, apesar de terem currículo extenso na competição nacional, tanto Baumgart quanto Cincea admitem que participar do Dakar é algo bem diferente. "É distinto de tudo que já corremos, mas estamos bem preparados e a ideia é tirar o máximo de proveito dos lugares onde o piso for mais parecido com o que já corremos, como o Sertões, por exemplo. Será o nosso primeiro Dakar, e uma estreia é sempre rodeada de expectativas. A estratégia e a navegação são muito diferentes do que estamos acostumados no Brasil, e por isso trabalhamos muito neste segundo semestre para este novo mundo que vamos encarar", disse Kleber Cincea.
O carro novo, um novo estilo de navegação e uma prova na qual ainda são inexperientes dificultou bastante o trabalho da dupla. "Testamos o carro na França em novembro e também andamos nas dunas de Marrocos em trechos que receberam etapas do Campeonato Mundial de Rally Cross Country naquele país. Então, tivemos que nos reciclar: saber ‘atacar’ as dunas, lidar com a aparelhagem de navegação, saber o limite do carro... Passamos até por um ‘intensivão’ muito proveitoso sobre como trabalhar todo o potencial do carro, fazer manutenção rápida, enfim, foi uma grande preparação", confessou o navegador, que é engenheiro mecânico.
Já Marcos falou mais sobre as qualidades do carro. "É muito bom e, principalmente, confiável. Além disso, ele ainda é muito atual. Era isso o que procurávamos para a estreia. O motor de seis cilindros tem um bom torque e é um carro já no seu pico de desenvolvimento. É fácil de guiar e um pouco diferente do que estávamos acostumados, mas a adaptação foi bem tranquila", falou o piloto.
Falando sobre as expectativas para a prova, os estreantes brasileiros foram bem cautelosos. "O primeiro objetivo, que sobressai a qualquer outro, é terminar a prova. Geralmente, só 30% dos que largam chegam até o final do Dakar, então esta é uma prova extremamente difícil para competidores e máquinas. Superando isso, vamos buscar ser a melhor dupla estreante entre os carros", admitiu Kleber Cincea.
Marcos Baumgart disse que quer fugir das falhas que sempre acontecem nesse tipo de prova. "O principal é evitar os perrengues. E se acontecerem, é necessário resolver o mais rápido possível os problemas, pois quem perde tempo perde também a competitividade na corrida. Competir no Dakar é um sonho que tenho desde os oito anos de idade, e não quero desperdiçar esta chance por nada. A ideia principal é terminar a prova, mas quero muito chegar entre os dez melhores", destacou.
O navegador Kleber ainda falou sobre os grandes profissionais da equipe Brasil de Rally. "O time tem uma estrutura fantástica, com profissionais vindos da França, veículos de resgate rápido e gente muito competente. Temos ferramentas para ir muito bem. O resto fica por nossa conta, em ter bom físico e concentração para fazer um excelente Dakar", elogiou.
A equipe Cam-Am América do Sul também vem forte para o Rally Dakar 2013, tendo representantes de cinco países nas categorias quadriciclos e UTVs. O time conta com dez pilotos e três navegadores de Brasil, Colômbia, Bolívia, Argentina e Chile.
Prestes a pilotar a bordo do Can-Am Commander 1000, a colombiana Martha Marino, acompanhada do navegador Carlos Bustamante, vai entrar para a história da competição. "Estou muito orgulhosa de ser a primeira mulher a competir na minha categoria. A corrida será muito difícil e estou me preparando há três anos. Eu precisarei ter uma perfeita concentração, além de condições físicas excelentes e não desanimar quando a situação for complexa", contou.
Entre os UTVs, outros destaques da Can-Am América do Sul são o brasileiro Reinaldo Varela, campeão mundial de rali nos carros da categoria T2, além dos chilenos Francisco Lopez e o argentino Sebastián Scholz. Nos quadriciclos, seis serão Can-Am Renegada 800 Xxc, tendo como chefe de equipe Rodrigo Ramírez, e os bolivianos Leonardo e Diego Martínez, pai e filho, como pilotos.