Brasil vs. Argentina: quem ganha no campo do empreendedorismo

Nós conseguimos nos gabar de sermos pentacampeões no futebol, nossos hermanos argentinos conseguem ter o melhor jogador do mundo. Por que quando se trata de empreendedorismo ficamos tão atrás?

O Diretor de Apoio a Empreendedores da Endeavor, Luiz Manzano, fez exatamente a provocação acima para os dois primeiros painelistas do CEO Summit Sul, que conversaram sobre o que torna uma cidade empreendedora. Eric Santos, CEO da Resultados Digitais, começou em Florianópolis, a melhor cidade para se empreender, segundo o Índice de Cidades Empreendedoras de 2014. Hernan Kazah, hoje à frente da Kaszek Ventures, fundou o Mercado Livre em Buenos Aires, eleita a cidade do empreendedorismo global no GEC desse ano.

O que elas têm em comum e por que se destacam em países que têm tanto a avançar quando o assunto é ambiente de negócios? Os pontos de convergência, também reconhecidos por Eric e Hernan, são principamente dois:

1. Talentos

Afinal, empresas não são feitas de paredes, mas de gente. E tanto Florianópolis quanto Buenos Aires tendem a ter boas oportunidades de qualifição profissional e empreendedora e oferecer qualidade de vida.

Floripa criou a tradição de formar bons engenheiros desde que a Universidade Federal de Santa Catarina nasceu, na década de 60, em torno do antigo curso de engenharia industrial. Com praias encantadoras e o melhor IDH das capitais brasileiras, jovens qualificados fazem questão de ficar na ilha (ou ir para lá, quando são de outras cidades). Muitos deles viram, no empreendedorismo, uma solução. Um efeito disso é o crescimento do setor de tecnologia local, que hoje reúne 600 empresas e contrata cada vez mais.

No caso da capital argentina, uma iniciativa recente do governo com enfoque em educação empreendedora acabou sendo um “plus”. Cursos de capacitação da Academia Buenos Aires Empreende passam até por técnicas de modelos de negócios e metodologias ágeis de solução de problemas - o que, no tema de talentos, abrange tanto os que compõem quanto os que lideram novos negócios.

2. Ambiente colaborativo

Segundo Eric, “uma das vantagens competitivas de Floripa, por ser razoavelmente pequena e todo mundo se conhecer, é que o ecossistema se ajuda muito. Tem um sentimento cooperativo bacana. Tanto questões de ego quanto do tipo roubar funcionário do outro não acontecem muito aqui”. Ele conta ainda que o networking e a troca de experiência é tecnica, mas tambem psicológica:

“Tem problemas que você não consegue conversar nem com seu sócio, então a gente faz quase uma terapia de grupo”.

Buenos Aires nos anos 90, quando o Mercado Livre começou, passava por situação parecida. Hernan Kazah tirava ideias de discussões articuladas pelos próprios empreendedores e organizações de fomento como a Endeavor. “Empreender é um caminho de muita solidão, então se voce tem a oportunidade de compatilhar seu medos, suas dúvidas, de ver pessoas revolucionando seus mercados, isso dá motivação para evoluir”.

E o que mais?

Outros fatores, como acesso a capital e incentivo público, também influenciam bastante. Apesar de São Paulo ainda ser o centro do investimento privado no Brasil, Santa Catarina, por exemplo, tem mais investidor-anjo que Minas Gerais ou Paraná, estados com triplo e o dobro da população catarinense. Já Buenos Aires se destaca pelos programas do governo de apoio a empreendedores, que vão de co-investimento junto a aceleradoras a um observatório de políticas públicas.

Apesar disso, ambos os empreendedores batem na mesma tecla sobre o que mais precisa melhorar: a burocracia. São problemas simples - como abrir uma empresa, que em Floripa leva em média 80 dias - e que acabam desfocando o empreendedor do que realmente importa. Nas palavras de Hernan, “é um tempo que vai para o lixo”.

Confira a conversa completa no vídeo do primeiro painel do CEO Summit Sul 2015:

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Leia o artigo original no Portal Endeavor

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