Argentina pode poupar R$ 10 bi com corte de subsídios de energia

O governo argentino pode economizar at US$ 2,5 bilhes (cerca de R$ 10 bilhes) por ano com a retirada dos subsdios de energia, segundo clculos de consultorias.

A medida faz parte do projeto do presidente, Mauricio Macri, de reduzir auxlios financeiros implementados na economia do pas pela sua antecessora, Cristina Kirchner.

O corte tambm ajudar, avaliam as consultorias, a diminuir o deficit fiscal, que chegou a 7,1% do PIB em 2015. A meta atingir 0,3% em 2019, quando Macri encerrar o mandato.

27.jan.2016/Xinhua

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, visita exposio com a mulher, Juliana Awada
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, visita exposio com a mulher, Juliana Awada

Os subsdios kirchneristas eram criticados por inclurem classes mais altas no benefcio e demandarem grande parte dos recursos do pas.

Alm disso, segundo crticos, eles tinham como consequncia a baixa dos investimentos no setor eltrico –com isso, cidades como a capital, Buenos Aires, convivem com frequentes apages.

Dados da consultoria Abeceb mostram que os subsdios corresponderam a 4,8% do PIB no ano passado, o que equivale a 234,4 bilhes de pesos (cerca de R$ 70 bilhes). S o setor energtico ficou com 3,2% desse total.

Com a retirada dos auxlios, o preo da energia poder subir at 350% na capital a partir desta segunda (1).

O aumento foi determinado apenas no valor da gerao de energia. Nos prximos dias, devero ser anunciados os incrementos na distribuio. Por isso, ainda no possvel saber qual ser o reajuste final na conta de luz.

A alta vai variar conforme o consumo de cada um. As classes mais baixas, segundo o governo, no sero afetadas pela medida e continuaro contando com o subsdio.

Com a excluso dos mais pobres, a popularidade do presidente argentino –que est em 64%, segundo a consultoria Poliarqua– no dever ser prejudicada.

"Macri tinha dito em sua campanha que cortaria os auxlios. No houve elemento surpresa", diz o cientista poltico Javier Zelaznik, da Universidade Torcuato di Tella.

Para o professor, parte do eleitorado das classes mais altas considerava "at obsceno" o valor que pagava pelo servio –a tarifa mdia atual equivale a dois litros de leite.

Como as contas eram bastante baixas, mesmo com o reajuste, devero continuar em patamares acessveis, afirma o analista poltico Sergio Berensztein. "Se houver impacto na popularidade, no ser muito grande."

INFLAO

O avano no preo da energia, porm, poder trazer dificuldades para que Macri consiga cumprir uma de suas principais promessas de campanha: a reduo da inflao.

No ano passado, ela atingiu 26,9% s na capital. Para 2016, o ministro da Fazenda, Alfonso Prat-Gay, prev de 20% a 25% em todo o pas. " mais provvel que ronde os 30%", diz Camilo Tiscornia, diretor da consultoria CT.

"O governo far todo o esforo possvel para que os preos no avancem, mas depender muito dos reajustes salariais", diz o economista da Abeceb Mariano Lamothe.

Analistas dizem que o governo fixou a meta em 25% para tentar segurar as negociaes salariais entre trabalhadores e empresas, cujas rodadas comearo em maro.

O incremento na luz tambm no dever fazer com que a populao reduza o consumo de forma considervel, segurando a inflao.

Como a energia foi subsidiada por muito tempo, as casas foram equipadas para demandar mais energia eltrica. No lugar da calefao a gs, por exemplo, utilizam aquecedores eltricos.

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