Argentina inicia reuniões em NY para fazer oferta a fundos credores

Enviados do governo argentino iniciaram nesta segunda-feira, em Nova York, reunies para apresentar uma oferta financeira aos fundos que venceram seu pas em um multimilionrio julgamento pela dvida em default, constatou a AFP.

O secretrio argentino das Finanas, Luis Caputo, e o vice-chefe de gabinete Mario Quintana entraram s 9h locais (12h de Braslia) no escritrio do mediador judicial Daniel Pollack, no centro de Manhattan, palco das negociaes com os fundos especulativos NML Capital e Aurelius e com outros demandantes.

"No esperem novidades hoje", disse Caputo, que deve ficar em Nova York nesta segunda e tera-feiras e, possivelmente, na quarta para tentar pr fim ao litgio.

J Pollack chegou pouco antes das 10h locais a seu escritrio e se mostrou cauteloso: "Os detentores de bnus estaro aqui, e a Argentina estar aqui", limitou-se a afirmar.

"Negociaes entre a Repblica da Argentina e seus maiores 'holdouts' detentores de bnus foram realizados hoje no meu escritrio", afirmou Pollack, em um comunicado divulgado noite.

Segundo ele, a reunio acontece tarde e durou quatro horas.

"Discutiram-se ideias, informalmente, para uma soluo das demandas, que agora chegam a aproximadamente US$ 9 bilhes. Ainda no se alcanou um acordo", esclareceu.

A misso argentina fica em Nova York at amanh, com possibilidade de estender sua permanncia at quarta-feira. Pollack disse tambm que "possvel" que as negociaes continuem "esta semana".

A NML Capital e o Aurelius obtiveram em 2012 uma sentena do juiz federal de Nova York, Thomas Griesa, para receber capital e juros por bnus de dvida em default desde 2001 por um montante que chega a US$ 1,75 bilho atualmente.

A estes fundos se somaram, a partir de meados de 2014, outros denunciantes chamados "me too" (eu tambm), elevando o montante total a US$ 10 bilhes.

De acordo com publicaes da imprensa argentina nesta segunda-feira, o enviado do governo do presidente liberal Mauricio Macri proporia aos fundos um perdo de 15% a 25% para saldar a dvida.

O Ministrio argentino das Finanas rejeitou as verses da imprensa local. Em nota, declarou que a proposta "ainda est em elaborao" e tem "termos muito diferentes" daqueles publicados pelos jornais.

"O governo quer conseguir um desgio dos juros punitivos que pesam sobre a dvidas com os detentores de bnus", acrescenta o comunicado.

A nota ressalta tambm que a oferta "ser apresentada 'ad referendum' da aprovao do Congresso da Nao".

Guinada de 180 graus

O governo anterior da presidente de esquerda Cristina Kirchner (2007-2015) rejeitou a sentena de Griesa, que congelou, em julho de 2014, um pagamento de US$ 539 milhes em Nova York aos credores que aderiram s trocas de dvida no paga. Isso instalou o "default" parcial da Argentina.

Em 13 de janeiro passado, o novo governo argentino anunciou a Pollack que faria uma oferta a todos os demandantes em 25 de janeiro. Os fundos especulativos pediram, porm, mais uma semana de prazo, at segunda-feira, por questes logsticas.

A Argentina reestruturou sua monumental dvida em default de 2001. Naquele ano, o pas caiu na maior crise financeira de sua histria, em duas trocas em 2005 e 2010. Em ambos os momentos, 93% dos credores aderiram, aceitando um reembolso parcial com grandes descontos. Os 7% restantes rejeitaram estas ofertas, exigindo o reembolso total, alm dos juros.

O governo anterior argentino classificava os fundos especulativos de "abutres" por terem comprado bnus em default a preo de leilo para tentar recuperar seu valor nominal por via judicial. Nesse contexto, Buenos Aires apresentou uma denncia contra eles em todos os fruns internacionais, conquistando, inclusive, apoio majoritrio em uma votao das Naes Unidas.

O governo de Macri acredita, por sua vez, que um acordo com os fundos especulativos permitir que o pas volte ao mercado de financiamento internacional e conquiste investimentos de capitais estrangeiros.

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