Túlio relembra gol contra a Argentina e exalta rivalidade: “arqui …

O confronto entre Brasil e Argentina é repleto de rivalidades, grandes jogos, heróis e vilões. Um dos jogadores que entrou para a história deste encontro de gigantes foi Túlio Maravilha. Meses antes de ser imortalizado na história do Botafogo, o irreverente artilheiro saiu do banco de reservas para exercer papel crucial na eliminação da Albiceleste na Copa América de 1995. E com requintes de crueldade.

A equipe comandada por Daniel Passarella vencia por 2 a 1 (gols de Abel Balbo e Batistuta, com Edmundo também deixando a sua marca) até a metade final da partida. Túlio, que entrara no lugar de Leonardo, se movimentou bem para receber o cruzamento na área... e matou a bola no braço antes de finalizar com a facilidade que lhe era peculiar. 

O empate levou a decisão para os pênaltis, o Brasil avançou à semifinal na marca da cal... mas a impressão foi de que o tento do Maravilha foi, de fato, o da vitória. Indiscutivelmente, foi um dos que entrou para a história. Em contato com a Goal Brasil, Túlio relembrou o episódio, classificou aquele gol como um dos cinco mais importantes dentre os mil anotados*, redefiniu o nome do feito heroico e avaliou as carências do time de Dunga. Confira abaixo!

Copa América de 1995, quartas de final contra a Argentina. Cruzamento pela direita e você mata a bola no braço antes de concluir. Em qual lugar de importância para a sua carreira você colocaria esse gol?

“Olha, esse gol eu coloco entre os cinco mais importantes de toda a minha carreira. Não só por ter sido com a camisa da Seleção Brasileira, onde eu fiz 13 gols em 14 convocações – alguns deles gols bem bonitos -, mas esse em especial, na Copa América de 95, tem um valor sentimental dobrado.

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Fazer um gol, da maneira que foi, com ajeitada no braço e aquela conclusão, faltando 15 minutos para o fim do jogo... o empate levou a partida para os pênaltis. Marcou demais a minha passagem pela Seleção Brasileira, e por ter sido contra a Argentina, a nossa arqui-inimiga de todos os tempos: de Eliminatórias, Copa do Mundo, Copa América, par ou ímpar... e por causa de toda essa rivalidade, todo mundo vai lembrar desse gol polêmico, que acabou sendo salvador também”.

Naquele mesmo ano você chegou a ter uma proposta para defender o Middlesbrough, certo? Acha que aquele gol foi o que chamou a atenção dos ingleses?

“Ah foi pelo ano inteiro que eu estava fazendo, foram 63 gols em toda a temporada. Hoje, os atletas chegam a 35, 40, 45 no máximo. E com mais jogos em relação ao que eu fazia naquela época. Então, pela minha performance como artilheiro no Brasil, na Copa América, Campeonato Carioca... aquilo que chamou a atenção do Middlesbrough, da Inglaterra”.

É impossível não relacionar aquele gol com o que o Maradona fez de mão na Copa do Mundo... algum inglês chegou a te agradecer por isso?

“Não, não teve nada disso...”

O gol do Maradona foi batizado como La Mano de Dios... e você nomeou aquele como ‘Gol de la Virgem Maria’, explica isso aí...

“Foi pra fazer uma graça! Eles me perguntaram exatamente sobre isso, e eu acabei batizando assim”.

Se você fosse o cronista de futebol naquela época, como seria a manchete daquele gol?

“La Mano Salvadora de Túlio Maravilha! Esse seria o título!”

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Algum jogador da Seleção Argentina veio te falar alguma coisa depois daquele gol, naquela noite ou em encontros futuros? 

“Ninguém... ninguém provocou, até porque eles sabiam que o erro tinha sido do juiz, do bandeirinha. Eu só fiz o meu papel, que era o de concluir a jogada, sem intenção nenhuma de menosprezar ou provocar os argentinos. Eu fiz a minha função de goleador, eu era assim. Houve um respeito muito grande comigo, e eu com eles”.

No primeiro jogo após aquela fatídica semifinal, você foi titular ao lado do Donizete em amistoso realizado também no mês de novembro, na Argentina. Vocês ganharam e acabaram com um tabu de 19 anos sem vencer o rival na casa dele. Acha que o Brasil tem chances de repetir o feito, quinta-feira?

“A diferença era que, naquela época, como você falou, tinha eu e Donizete no ataque. A gente se entendia, e foi o ataque campeão brasileiro. Na Seleção de hoje você só vê um atacante de alto nível, que é o Neymar. Isso é muito pouco, mas vamos torcer para que ele possa desequilibrar”.


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Aquela geração contava com grandes opções de centroavante. Tinha você, Edmundo, Donizete, Romário... por que acha que atualmente essa é a posição mais carente do nosso futebol. O que aconteceu de lá pra cá?

“Aconteceu que a safra não é muito boa. E, segundo, porque quando um começa a se destacar logo logo já é vendido para a Europa. E aí perde a técnica e a identidade do futebol brasileiro, acaba virando um atacante europeu: de muita velocidade, pouca conclusão e poucos jogadores de área”.

De lá pra cá, o Brasil passou a vencer a Argentina na maior parte dos jogos decisivos: inclusive finais históricas. Por ter sido um gol polêmico, com auxílio da mão, você acha que doeu mais na ‘pele’ dos hermanos?

“Eles sentem, porque o time deles estava quase passando de fase e ser eliminado daquela forma é diferente. Nas competições que ganhamos em cima deles anos depois os gols foram legítimos”.


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Como você avalia o futebol atual da Seleção? Você costuma ver os jogos?

“Olha, se o futebol estiver chato, com muito toque para o lado eu consigo ver 15 minutos, no máximo. Mas quando o jogo é mais agressivo, o time mostra vontade de ganhar de qualquer jeito, marcando forte eu fico até o final, porque sei que vai ser um bom jogo. Mas depende da inspiração dos jogadores, principalmente dos atacantes”.

Acredita nas chances de uma classificação tranquila para a Copa de 2018?

“Olha, correr risco corre. Mas eu não acredito que fique de fora não. Vai se classificar, mas não vai ser fácil. Acredito que pode ser parecido com as Eliminatórias para a Copa de 2002, com sofrimento, até as últimas rodadas, precisando do apoio da torcida... mas o final foi bom, tomara que se repita, para que venha o hexa”.


*Nas contas do ex-atacante

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