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Tripulação de fragata argentina retida em Gana segue sem ser liberada
Acra, 22 out (EFE).- A tripulação da fragata argentina 'Liberdade', retida em Gana desde 2 de outubro, permanece nesta segunda-feira aguardando liberação para deixar a embarcação, como ordenou o governo da Argentina, confirmaram à Agência Efe fontes portuárias ganesas.
'A situação não mudou em relação a ontem. Não recebemos instruções para evacuá-los (os tripulantes), mas esperamos algo para hoje', declararam à Efe fontes do porto de Tema, onde se encontra o navio-escola.
O governo da Argentina ordenou no dia 20 de outubro a evacuação da embarcação, com exceção do capitão e de um número mínimo de tripulantes, para 'preservar a integridade e dignidade' das 326 pessoas a bordo, afirmou o ministro das Relações Exteriores do país, Héctor Timerman.
O chanceler está hoje em Nova York para buscar na ONU uma nova via de solução ao conflito, após o fracasso das negociações com as autoridades de Gana.
A embarcação recebeu ontem a visita de diplomatas argentinos, entre eles a embaixadora Argentina na Nigéria, María Susana Pataro, encarregada também de Gana, que não fez declarações à imprensa.
A fragata está há quase três semanas retidas no porto de Tema, a cerca de 25 quilômetros de Acra, devido a uma denúncia apresentada por credores do governo argentino, que exigem o pagamento de dívidas.
A justiça ganesa aceitou o pedido de embargo do navio apresentado pelo fundo NML, que cobra da Argentina uma dívida de US$ 284 milhões mais juros por bônus soberanos que entraram em moratória no final de 2001, no meio de uma severa crise econômica.
O governo argentino sustenta, no entanto, que as autoridades ganesas descumprem a Convenção de Viena ao não garantir a imunidade de uma embarcação da marinha, como é o caso da fragata 'Liberdade'.
No último dia 11, o Superior Tribunal de Acra rejeitou liberar a fragata ao argumentar que a Argentina renunciou à imunidade diplomática de seus bens ao emitir seus bônus soberanos.
A disputa já causou a demissão de quatro altos comandantes da marinha argentina. O navio tem 326 tripulantes de diversas nacionalidades, a maioria argentina, mas também tem brasileiros a bordo.
A embarcação zarpou em 2 de junho do porto de Buenos Aires para cumprir sua viagem anual de instrução e passou por portos do Brasil, Suriname, Guiana, Venezuela, Portugal, Espanha, Marrocos e Senegal.
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