A definição do futuro de Jonathan Calleri ainda não foi confirmada oficialmente pelo jogador ou pelos clubes envolvidos, mas pode ser melada pela Fifa mesmo após o acordo ser acertado. Reuniões foram feitas nesta segunda e, segundo a imprensa argentina, poucos detalhes separam o atacante do São Paulo. O Atlético estava na briga pelo atleta, mas teria oferecido um salário mais baixo, além de no tricolor o ex-Boca Juniors contar com o comando do argentino Edgardo Bauza e uma maior possibilidade de titularidade.
O presidente do Instituto Iberoamericano de Derecho Deportivo, Luiz Fernando Aleixo Marcondes, lembra que a participação direta de grupos investidores na contratação de jogadores está vetada pela Fifa desde maio de 2015. Além disso, clubes usados por investidores como ponte de transações podem ser punidos pelo comitê disciplinar da entidade máxima, assim como as agremiações que se favorecerem da transferência.
“Há risco de sanção desportiva para os clubes envolvidos e inclusive para o jogador. Em tese, o Boca não pode ‘vender’ o jogador à empresa nem outro clube receber o jogar desta. As transferências só podem ser feitas entre clubes e pelo TMS Fifa (registro de transferências), assim como a partir de 2015 apenas clubes podem ser titulares dos direitos econômicos”, disse Marcondes a O TEMPO.
“O suposto clube-ponte uruguaio pode ter a transferência barrada pela Fifa e sofrer punições equivalentes à do Barcelona (impedimento de contratação por duas janelas) ou maiores, por não ter finalidade desportiva, mas comercial”, disse.
Em contato com O TEMPO, Marcos Motta, outro respeitado especialista em direito esportivo e advogado de grandes nomes do futebol como Neymar e Felipão, reiterou as informações destrinchadas por Marcondes e lembrou de sanções impostas pela Fifa a clubes sul-americanos por participarem de transferências semelhantes à que se molda a vinda de Calleri ao Brasil.
Em 2014, a Fifa puniu quatro argentinos, Racing Independiente, Rosario Central e Central Córdoba, e o uruguaio Atlético Sud América por servirem de ponte.
“Se a Fifa entender que o clube não tem um objetivo desportivo, ela pode vetar a transferência e punir os envolvidos. Assim que ela pegar o registro do TMS, fato obrigatório para qualquer transferência internacional, pode investigar”, disse Motta.
Galo tem garantias de legalidade
Tudo certo. Segundo apurou O TEMPO com uma fonte ligada ao Atlético, caso o alvinegro ainda consiga fechar a contratação de Calleri, o clube tem garantias dos envolvidos na possível transferência do atacante de que o processo será todo legal dentro das normas estabelecidas pela Fifa, e o clube alvinegro não vai sofrer sanções na entidade máxima do futebol. Esse era um dos receios no começo da negociação com o atacante hermano. Em contato ontem com a reportagem, o diretor jurídico do clube alvinegro, Lásaro Cândido da Cunha, preferiu não comentar o caso nem sequer como um advogado especialista em direito esportivo.