Testemunha por disputa entre peronistas diz que sequestro foi …

    
Buenos Aires - Uma testemunha-chave no julgamento pela morte de Mariano Ferreyra, um militante de esquerda em 2010, numa disputa com sindicalistas do peronismo na Argentina, afirmou nesta sexta-feira que o seu sequestro durante 24 horas foi uma mensagem mafiosa para a presidente Cristina Kirchner.

 

"A mensagem mafiosa não foi para mim, foi para a presidente", afirmou Alfonso Severo, 54 anos, numa conferência de imprensa transmitida pela televisão na porta da sua casa na periferia sul.

 

Severo, por sua vez, reapareceu na quinta-feira, machucado e em estado de choque, após ficar desaparecido por cerca de 24 horas.

 

"Foi agredido e está em choque", disse Gastón Severo, filho de Alfonso Severo, 54 anos, que desapareceu na quarta-feira, um dia antes de testemunhar sobre a morte do activista Mariano Ferreyra, do Partido Operário, baleado no peito durante uma briga com sindicalistas ligados ao governo.

 

O desaparecimento de Severo mobilizou activistas na noite desta quinta-feira na Praça de Maio, antes da notícia do seu retorno.

 

"Chega de sequestrar!" e "Aparecimento com vida" foram as palavras de ordem dos manifestantes e também as frases dos cartazes que exibiram no histórico passeio em frente à Casa de Governo, numa quinta-feira que é o tradicional dia de ronda das Mães da Praça de Maio.

 

O governo está a pagar o custo político do sequestro, segundo a imprensa local, porque não conseguiu garantir a segurança da testemunha e não pôde esclarecer nem mesmo o sequestro e o desaparecimento de Julio López.

 

O desaparecimento de Severo seria o segundo depois do de Julio López, um pedreiro de 77 anos que sumiu em 18 de Setembro de 2006, também um dia antes de depor num julgamento por violação dos direitos humanos na ditadura (1976-1983).

 

Em outra audiência, López havia dado um testemunho-chave nos tribunais para condenar à prisão perpétua Miguel Etchecolatz, ex-chefe da Polícia acusado de crimes contra a humanidade durante a ditadura (1976-1983).

 

Durante o regime militar desapareceram 30.000 pessoas, segundo organismos humanitários.

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