Tem 26 anos, é mulher e é a cara e poder do maior banco da Argentina. Nomeada no início deste mês para liderar o Banco da Nação Argentina, a maior instituição financeira do país, Maria Delfina Rossi, licenciada em Economia em Barcelona, fez manchete em vários jornais internacionais com a surpresa da escolha face ao seu jovem perfil e causou até a reacção do antigo ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis.
Rapidamente a sua polémica nomeação, pelo Governo argentino, atraiu críticas que questionavam as razões que estariam na base da sua nomeação. É que Delfina não chega sozinha e traz consigo o apelido do ministro da Defesa do actual Governo argentino, Agustín Rossi, seu pai. Além disso, também a veracidade do seu currículo académico tem sido colocada em causa bem como a sua ausência do país durante 13 anos, metade da sua vida.
Entre algumas das vozes que questionam e condenam a escolha de Delfina Rossi está a escritora argentina e crítica literária argentina, Beatriz Sarlo. Numa entrevista à Todo Noticias (TN), um canal argentino, a escritora repudia a nomeação e afirma não ter dúvidas de que aconteceu por se tratar da filha do ministro da Defesa argentino. "É graduada. As universidades europeias têm centenas e não vão trabalhar na direcção dos bancos dos países de onde são naturais", cita o jornal La Nacion.
Num outro artigo do mesmo jornal, Susana Biset, directora da Biset + Fernández Lobbe, uma empresa que se dedica a encontrar especialistas executivos, alerta que para este tipo de cargos hierárquicos é necessário um considerável nível de experiência prática. O jornal cita ainda Matías Ghidini, um gestor argentino, que destaca que o cargo em causa implica liderar outras equipas: "aquilo que se valoriza é a experiência de ter enfrentado essa situação antes, de ter aprendido". "O crescimento pessoal é muito mais importante do que o know-how académico", sublinha.
Em declarações a uma rádio nacional, a economista defendeu-se: "Este é um cargo que requer confiança política, que não passa por questões bancárias, mas ter a capacidade e inteligência de ler as necessidades da Argentina e das pessoas, da nossa indústria, para que o banco contribua com um crescimento com inclusão". A nova directora do maior banco argentino pediu ainda que olhassem para o seu currículo académico e não para o seu ADN. No seu currículo figuram nomes de instituições como a Universidade de Barcelona, University College School de Londres, Instituto Europeu Universitário e até a Universidade do Texas.
Mas é aqui que surgem novas críticas. É que nos últimos dias o seu percurso académico tem sido questionado. Por exemplo, apesar de alegar ter uma pós-graduação em Ciências Políticas num curso online leccionado pela Universidade de Londres, na página da instituição pode ler-se que não existe a oferta de cursos online. Além disso diz ainda ter estudado entre Setembro de 2010 e Março de 2011 no Instituto Universitário Europeu de Economia de Florença, no entanto o seu registo não foi encontrado na lista de antigos alunos e segundo o jornal Clarin, o jornal nacional com maior circulação, a instituição já confirmou que Delfina Rossi só esteve inscrita durante um semestre.
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