No duelo das encaradas e de maior rivalidade da Copa América, o Brasil superou a Argentina por 69 a 60, nesta terça-feira, e assegurou antecipadamente a vaga para a semifinal do torneio. Tensa e muito disputada, a partida ganhou contornos dramáticos com a reação das hermanas no fim, mas as brasileiras retomaram o controle e mostraram que são soberanas em Xalapa. Foi no sufoco, numa arrancada apenas nos minutos finais, mas as comandadas de Luiz Augusto Zanon conseguiram o terceiro triunfo na competição e, de quebra, despacharam as adversárias. Felizes com a vitória contundente, as brasileiras se abraçaram numa rodinha, dando voltas na quadra com pulos e gritos de “Brasil! Brasil!”. A vaga na Copa do Mundo da Turquia, em 2014, está cada vez mais perto.
- Foi o jogo mais difícil do campeonato, de maior rivalidade e encaradas, mas o Brasil soube manter a calma. A nossa defesa funcionou bem, e soubemos construir a vitória - disse Nádia.
A pivô argentina Gisela Vega foi a cestinha da partida, com 23 pontos. Não foi o suficiente para dar uma sobrevida às hermanas. Damiris e Nádia puxaram o Brasil com um duplo-duplo cada - a primeira fez 14 pontos e pegou 13 rebotes, enquanto a segunda fez dez pontos e pegou 12 rebotes. Adrianinha foi outro destaque verde-amarelo, com nove pontos e cinco assistências. Karla marcou 13 pontos, e Clarissa, 12.
- A nossa defesa foi boa, apesar de o Brasil ter sido melhor nos rebotes. O que nos prejudicou foram os erros nos arremessos de três pontos. Estávamos acertando nos treinos, mas fomos muito mal, e isso não nos ajudou. Sabíamos que teríamos um jogo complicado, o Brasil é um adversário difícil, e não podíamos ter desperdiçado tantas chances - disse a argentina Erica Sanchez.
Com a vitória, o Brasil confirmou a liderança do Grupo B com uma rodada de antecedência, já que apenas Porto Rico pode empatar em número de pontos, mas as brasileiras levam vantagem no critério do confronto direto. Assim, as comandadas de Zanon apenas cumprem tabela nesta quarta-feira, às 21h45m (de Brasília), diante das anfitriãs mexicanas. As três melhores equipes da Copa América se classificarão para a Copa do Mundo de 2014.
Apesar de bem marcada, Damiris fez um duplo-duplo contra a Argentina (Foto: Samuel Vélez/FIBA)
Lá e cá
O Brasil começou pressionando as adversárias, com marcação forte e um contra-ataque eficiente, abrindo 10 a 3. As argentinas tentavam diminuir a diferença com arremessos de longa distância, mas não estavam com sorte e acabavam esbarrando no aro. Quando ameaçaram as brasileiras, Tatiane tratou de afastar o perigo com uma cesta de três pontos (13 a 6). Craque da seleção argentina, a pivô Gisella Vega gritava “Vamos!”, na tentativa de animar as companheiras. Baixinha de 1,60m, Gretter armou boas jogadas, mas as hermanas tinham dificuldades de furar a defesa verde-amarela no garrafão.
Nádia teve boa atuação diante da Argentina, anotando um duplo-duplo (Foto: Samuel Vélez/FIBA)
Com as brasileiras mais jovens em quadra, as argentinas reagiram e encostaram no placar (18 a 17), graças aos sete pontos anotados por Vega. Após sofrer uma falta, a pivô de 1,85m, que atua pelo espanhol Mann Filter, acertou os dois tiros livres e colocou a Argentina na frente do placar pela primeira vez no fim do primeiro quarto: 19 a 18.
O equilíbrio deu a tônica do segundo quarto. Com um arremesso certeiro de longa distância, Karla virou o jogo: 22 a 21. Cristian Santander, técnico das rivais, quase invadia a quadra para incentivar o time com palmas e gritos de “Vamos! Vamos!”. A rivalidade era clara, e o jogo ficou truncado, com provocações de ambos os lados. As duas seleções se revezaram na dianteira, até que o Brasil abriu oito pontos de diferença (33 a 25), beneficiado por mais uma cesta de três pontos de Karla, que estava com a pontaria calibrada, e arremessos certeiros de Nádia e Clarissa, fugindo de uma marcação cerrada.
Mastigando compulsivamente um chiclete, Zanon passava as instruções para as brasileiras à beira da quadra. Karla ainda arriscou uma ponte-aérea no último segundo, mas faltou altura. A equipe verde-amarela foi para o intervalo na frente: 33 a 27. Vega foi o maior destaque do primeiro tempo, com 11 pontos e quatro rebotes. Com a pontaria calibrada, Karla, Tatiane, Damiris e Clarissa foram as mais perigosas do Brasil.
Pressão argentina e alívio brasileiro
Com Adrianinha de volta e jogando com raça, o time verde-amarelo ampliou com Nádia, que acertou uma bandeja na terceira tentativa e bateu no peito para comemorar: 42 a 34. Nervosas, as argentinas, que quase não erraram arremessos nos treinos, não conseguiam pontuar. A três minutos do fim do terceiro quarto, a vantagem brasileira era de 10 pontos (47 a 37). A disputa seguiu acirrada e as encaradas na quadra eram um show à parte. Com uma bandeira da Argentina, três torcedores eram os mais empolgados na torcida, levantando o time no grito. No último minuto, as hermanas encostaram no placar (47 a 43). Não por muito tempo, para a irritação de Cristian Santander, que bufava e esbraveja com as jogadoras, apontando para o placar eletrônico: 54 a 45, no estourar do cronômetro.
Clarissa cresceu no segundo tempo e fechou o jogo com 12 pontos (Foto: Samuel Vélez/FIBA)
Na última parcial, as argentinas estavam com ânimos à flor da pele. Gretter levou bronca da juíza canadense, linha dura, pelo jogo físico agressivo. O técnico da seleção argentina também ouviu o sermão pelas sucessivas vezes que quase invadiu a quadra. Desesperado, Santander colocava as mãos no rosto e olhava para os céus como se esperasse por algum milagre. E a vantagem que era de 11 pontos caiu para um a cinco minutos do fim: 56 a 55. A reviravolta obrigou Zanon a pedir tempo.
Implacável no garrafão, Vega anotou o seu 21º ponto e colocou as adversárias na frente: 57 a 56. O confronto ganhou contornos dramáticos. Experiente, Adrianinha acertou um arremesso de três, e Clarissa ampliou com dois tiros livres, virando o jogo: 61 a 57. A veterana Erica Carolina Sanchez, que tem quatro Mundiais na bagagem, sofreu falta e converteu os dois lances livres: 64 a 60. Gretter deu drible da vaca e arriscou um arremesso de longa distância no último minuto, mas a bola bateu no aro e foi para fora. Com marcação acirrada e um bom contra-ataque, o time verde-amarelo abriu nove pontos e selou a vitória suada por 69 a 60.