Segundo turno inédito na Argentina

Segundo turno inédito na Argentina

26/10/2015 - 21:56:43

CANDIDATO GOVERNISTA SAI NA FRENTE

 

Um empate técnico levará os argentinos para, pela primeira vez, escolherem um presidente em segundo turno, que sucederá Cristina Kirchner. Isso porque, entre os seis que disputaram as eleições neste domingo, dois serão escolhidos no dia 22 de novembro próximo: o candidato governista Daniel Scioli, que ficou com 37% dos votos e o de oposição, Mauricio Macri, com 35%. O terceiro colocado, Sergio Massa, foi o que mais cresceu, obtendo 21% dos votos, 6 pontos a mais do que nas prévias e pode se converter no fiel da balança.

Nesta eleição, o governo conservou a maioria no Senado e a primeira minoria na Câmara dos Deputados, com os eleitores renovando 130 das 257 cadeiras, 24 das 72 do Senado e 43 do Parlamento do Mercosul. Ela está sendo considerada a mais acirrada em 32 anos de democracia. Scioli, atual governador da província de Buenos Aires, foi o mais votado, mas não conseguiu apoio suficiente para garantir a vitória no primeiro turno. Ele ficou 2 pontos na frente de Macri, prefeito da capital, Buenos Aires. María Eugenia Vidal, a jovem candidata do conservador partido PRO (de Macri), foi eleita governadora. Ela vai suceder Scioli, que governou a província durante os últimos oito anos.

Os eleitores argentinos já tinham votado em agosto nas prévias - que, na Argentina, são abertas, simultâneas e obrigatórias - para escolher os candidatos de cada legenda. A maioria achava que a tendência seria mantida. Há dois meses, Scioli foi o mais votado, com 38%, seguido de Macri, com 30%, e de Massa, com 14%. O candidato governista precisava obter 40% dos votos e ter vantagem de 10 pontos em relação ao segundo colocado, para ser eleito presidente no domingo. Em vez disso, ele perdeu um 1 ponto e Macri avançou 5.

A campanha para definir qual dos dois ocupará a Casa Rosada começou nesta segunda-feira. Nos últimos 12 anos, o país foi governado por um casal: primeiro por Nestor Kirchner (2003-2007), depois por Cristina Kirchner, que foi reeleita em 2011, meses após a morte do marido.

De acordo com a lei argentina, para chegar à Casa Rosada no primeiro turno, um candidato tem que obter 45% dos votos ou 40%, com 10 pontos de vantagem sobre o segundo mais votado.

Os primeiros resultados começaram a ser difundidos apenas seis horas depois do encerramento das urnas e quando estavam apurados os votos em aproximadamente dois terços das mesas.

O mecanismo de dois turnos nas eleições presidenciais foi introduzido em 1973, mas nunca o país sul-americano viu uma disputa percorrer todo o caminho até culminar numa segunda votação. O único antecedente que quase levou a um segundo turno ocorreu em 2003, entre dois peronistas: o ex-presidente Carlos Menem e Néstor Kirchner disputaram voto a voto com 24,45% e 22,24%, respetivamente, nas eleições presidenciais. Contudo, Menem desistiu e Kirchner alcançou a Presidência.

 

 

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