Santana e a mudança na Argentina: "O modelo peronista cansou"

Doze anos de poder dos Kirchner deram lugar à vitória de Mauricio Macri. O novo Presidente da Argentina, de centro direita, quer virar uma página no poder em Buenos Aires. No programa "Fora da Caixa", Pedro Santana Lopes assinala uma mudança significativa na Argentina.

"Foi de facto o fim de um ciclo que na Argentina tem significado. Nestes últimos anos foi o que sabemos na economia argentina, com as dificuldades que a sociedade argentina passou, aí sim com austeridade à séria. E os argentinos decidiram mudar. A senhora Kirchner, ela própria, teve ali vários sobressaltos. Na prática, esse ciclo do modelo peronista de certa maneira cansou", argumenta Santana Lopes.

Para António Vitorino, a vitória de Macri representa o fim do "ciclo do peronismo". O antigo ministro socialista deixa contudo uma nota de preocupação em relação ao futuro da Argentina.

"No passado estes governos de centro-direita, nunca deram conta de si próprios, por divisões internas. Espero estar enganado, mas a sensação que tenho é que a eleição do senhor Macri foi feita com base num programa eleitoral excessivamente optimista em relação á real situação da Argentina. Aí vamos ter um caso em que provavelmente, dentro de poucas semanas, o Presidente virá dizer que descobriu as contas públicas num estado completamente calamitoso", antecipa o antigo comissário europeu.

Os comentadores analisaram ainda a vitória da oposição venezuelana nas últimas legislativas.

"Nem lhes chamo ventos de centro-direita, são ventos de maior liberdade na Venezuela", desabafa Pedro Santana Lopes na Renascença. Já António Vitorino assinala que apesar das dúvidas sobre a "autenticidade democrática do regime venezuelano, com censura na comunicação social, é reconfortante verificar que o estado de espírito da sociedade impôs o respeito eleitoral".

Na Venezuela o Governo é liderado ainda pelo presidente Nicolas Maduro, herdeiro político de Hugo Chávez.

"É evidente que houve uma grande unidade da oposição de esquerda e de direita. Uma rejeição do chavismo, de tal forma importante na sociedade que mesmo o aparelho de estado controlado pelos apoiantes de Maduro não teve coragem de negar o resultado eleitoral", conclui António Vitorino.

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