Em uma eleição presidencial histórica na Argentina, a primeira decidida em segundo turno em 32 anos de democracia no país, o conservador Mauricio Macri, da corrente Cambiemos, superou o candidato da situação Daniel Scioli com 52% dos votos e já tem posse marcada para o próximo dia 10 de dezembro.
A vitória de Macri traz consigo vários significados. O principal deles, claro, é o ponto final na extensa hegemonia política do Kirchnerismo, que durou 12 anos no poder, primeiro com Néstor, de 2003 a 2007, e depois com Cristina, sua esposa, de 2007 a 2015. Scioli, o escolhido para manter a corrente de esquerda na Argentina, saiu de uma vitória no primeiro turno para sofrer a virada no segundo e ver, pela primeira vez em 100 anos, os eleitores argentinos escolherem alguém que não pertence nem ao peronismo e nem ao radicalismo socialdemocrata.
Em uma trajetória política que chama a atenção pela constante ascendência, Macri, aos 56 anos, tem no seu histórico uma forte influência familiar e uma inestimável ajuda do futebol para lograr objetivos públicos. Formado em Engenharia Civil pela Universidade Católica Argentina (UCA), o novo presidente argentino ganhou destaque ao exercer cargos importantes na empresa do seu pai, Franco Macri, fundador de uma companhia líder em diversas áreas do mercado.
No Grupo Macri, Mauricio foi galgando posições até se tornar presidente do conglomerado. Mas o seu maior destaque público na Argentina não foi através do seu trabalho como empresário. Em 1995, Macri tornou-se presidente do Boca Juniors e foi o mandatário de uma era incrível do clube, que, sob o seu comando, totalizou 17 títulos até 2007, data final do seu mandado à frente dos xeneizes.
Antes disso, ele criou em 2003 o partido Compromisso pela Mudança (CpC), que dois anos depois já fazia parte da composição do Proposta Republicana (PRO). Em 2005, Mauricio Macri já era deputado, mas suas constantes ausências em votações importantes geraram enormes críticas sobre o seu mandato. Mesmo assim, foi eleito prefeito de Buenos Aires e certamente não teria sido caso não fosse o seu exitoso período no comando do popularíssimo Boca.
Em 2011, reelegeu-se chefe da capital e desde então trilhou um caminho natural rumo ao pleito ao cargo máximo da Argentina, conquistado neste domingo (23) após uma grande virada sobre o candidato vitorioso no primeiro turno, tal qual o seu Boca, sinônimo de garra e entrega em campo, acostumou-se a fazer pelo continente.