O presidente do Banco Central da Argentina, Alejandro Vanoli, renunciou ao cargo, nesta quarta-feira, depois de expressar resistência às pressões feitas, nesse sentido, pelo presidente eleito, Mauricio Macri.
A algumas horas de Macri assumir o poder na Argentina, em meio a um polêmico protocolo de posse, em que a presidente Cristina Kirchner estará ausente, Vanoli anunciou sua renúncia, indicaram as fontes do banco à imprensa.
"Tomo essa decisão no contexto do resultado eleitoral e depois de uma profunda reflexão, com a paz de espírito que sinto por ter demonstrado e defendido meu compromisso com nosso país e com nosso povo", disse Vanoli em uma carta a Kirchner que foi divulgada pelo jornal econômico Ámbito.com.
Como máxima autoridade do Banco Central, Macri propôs Federico Sturzenegger, deputado, ex-presidente do Banco Ciudad, formado no prestigioso Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Boston, e presidente da petroleira YPF, na época em que era de capitais espanhóis.
Aliado de Kirchner, Vanoli foi nomeado, porém, para uma gestão prevista para terminar somente em 2019, e apenas o Senado, com maioria do atual governo, poderia removê-lo do cargo.
Em sua renúncia, Vanoli advertiu que "uma desvalorização não é consequência natural da mudança econômica" e argumentou que "se trata de uma decisão política, cujas consequências devem ser assumidas".
Um dos desafios enfrentados pelo novo governo é suspender as restrições à venda de dólares, a chamada "banda cambial" que Macri prometeu solucionar.
O Banco Central perdeu reservas de aproximadamente 10 bilhões de dólares desde setembro passado, em razão de pagamentos da dívida e de compras de divisas de pequenos poupadores.
Macri afirma que o maior problema é a inflação, de 20% a 30% ao ano. O poder aquisitivo do salário se manteve por uma lei de negociações sindicatos-empresas com reajustes iguais, ou acima da inflação.