Petrobras quer vender todos os ativos de refino no exterior

A Petrobras planeja vender todas as suas refinarias no exterior, incluindo uma unidade inteira e a participação em outra na Argentina, disse nesta quinta-feira uma fonte da companhia. A venda faz parte do plano de desinvestimento da Petrobras, num momento em que a empresa avalia que já não é tão lucrativo ter ativos de refino onde não conta com produção de petróleo e distribuição relevantes.

A estatal detém 100% de uma refinaria em Pasadena, nos EUA, e a totalidade de uma outra unidade no Japão (Nansei Sekiyu), que já estavam à venda. E agora quer vender também os ativos de refino, de menor porte, na Argentina. "O objetivo é concentrar o refino próximo ao centro consumidor, que é no Brasil. E (ter) unidades de refino sem o restante da cadeia (produção de petróleo e postos de revenda) não é tão lucrativo", disse a fonte, que pediu para não ser identificada. Procurada, a Petrobras não comentou o assunto.

A empresa prevê desinvestimentos totais, dentro do Plano de Negócios e Gestão 2012-2016, de US$ 14,8 bilhões. Na Argentina, a estatal brasileira possui 100% da refinaria Ricardo Eliçabe, em Bahia Blanca, e também participação de 28,5% na refinaria do Norte (Refinor), na Província de Salta. Os sócios da Petrobras na Refinor são Pluspetrol, com 21,5%, e YPF, com 50%. As duas unidades têm capacidade de refino de 30 mil barris de petróleo por dia, cada uma.

Mudança de estratégia
A opção de investir em refino apenas no Brasil representa uma reviravolta na estratégia anterior da companhia, segundo o especialista em energia e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), Adriano Pires.

"Há alguns anos o que o governo (controlador da empresa) queria era transformar a Petrobras em um grande player global, e por isso ativos no exterior foram comprados. A empresa comprou não só plantas de refino, mas blocos de petróleo nos Estados Unidos, o maior consumidor mundial de petróleo e derivados", disse ele.

A venda de blocos nos EUA integra o plano de desinvestimento da estatal. A propósito, a presidente da empresa, Maria das Graças Foster, disse nesta quinta-feira que não tem prazo para fechar a venda da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, que possui capacidade de refino de 100 mil barris diários.

Já a refinaria de Nansei Sekiyu, também com capacidade de 100 mil barris diários, foi comprada pela Petrobras em 2008 por US$ 71 milhões. O interesse da estatal era criar um polo exportador de petróleo e derivados para a Ásia.

As operações de refino no exterior não saíram como o esperado porque as margens de lucro na área estão em queda no mundo e há sobra de capacidade. A venda de ativos no exterior ocorre num momento em que a Petrobras tem redução em seus lucros.

A divisão de Abastecimento no Brasil é deficitária, sendo obrigada a importar gasolina e diesel para abastecer o mercado interno a preços mais altos do que os valores de venda no mercado interno. As compras externas de gasolina estão entre 80 mil e 90 mil barris diários, segundo a presidente da estatal, e a tendência é de aumento nos dois próximos meses.

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