A moeda argentina caiu, num só dia, 10% face ao dólar e está a deixar mercados nervosos.
O peso argentino sofreu ontem a sua maior queda diária desde 2002, com uma descida de cerca de 10% para 7,88 face ao dólar, numa altura em que as políticas monetárias do banco central daquele país tentam travar a deterioração das reservas de divisas estrangeiras, que caíram em quase um terço no último ano.
A par de outros efeitos negativos, como as notícias pouco animadoras vindas da China, a situação na Argentina está a deixar nervosos os investidores e a afectar as bolsas mundiais. Ontem, o SP 500 caiu 0,9%, o FTSE 300 desceu 1,1% e o Nikkei 225 desvalorizou 0,8%. Esta manhã, na Velho Continente, os principais índices europeus estão, sem excepção a iniciar o dia no vermelho. Os receios de contágio a outras economias estão a vir ao de cima, nomeadamente para países como Espanha e o Brasil, pelas estreitas relações económicas destes dois países com a Argentina.
Os perigos de uma crise cambial no país liderado por Cristina Fernández que resulte numa crise económica vão crescendo naquela que é uma das maiores economias da América do Sul. Depois do ‘default' de 2002 o governo argentino foi progressivamente alterando a linha das suas políticas de uma linha mais liberal para uma orientação considera mais populista, apoiada no reforço do investimento público e no aumento dos apoios sociais que fez, a prazo, disparar a inflação, com sucessivos reparos do FMI.
Com dificuldades em pagar as suas importações ou o serviço da dívida via financiamento externo, a Argentina viu-se forçada a confiar nas suas reservas de divisas estrangeiras, conseguidas nas exportações.
A sucessiva erosão dessas mesmas reservas - com tentativas do governo argentino para controlar as transacções de moeda estrangeira - e a necessidade de fazer face aos crescentes níveis de importação de energia estão a afectar fortemente o valor do peso. Os receios do que possa vir a seguir condicionam os investiodres e, como refere hoje um especialista do Citigroup, citado pelo Financial Times, "o risco de fugas de capital cresce ao minuto. É muito difícil de controlar".