O papa Francisco receberá pela primeira vez no Vaticano, na quinta-feira, a rainha Elizabeth II da Inglaterra, um dia depois do aniversário de 32 anos da guerra das Malvinas entre Argentina e Reino Unido.
A rainha, de 87 anos, que viajará acompanhada por seu marido, o duque de Edimburgo, de 92 anos, permanecerá poucas horas em Roma, para se reunir com o presidente da República italiana, Giorgio Napolitano, e à tarde com o Papa argentino.
A reunião entre os dois chefes de Estado foi encurtada devido à idade do casal britânico, segundo fontes diplomáticas.
A rainha será recebida em uma sala anexa do moderno salão de audiências Paulo VI e não no palácio apostólico.
O casal real faz viagens ao exterior em raras ocasiões. A última foi em 2011, para a Austrália.
32 anos da Guerra das Malvinas
Apesar do caráter formal do encontro, os assuntos que dividem o líder dos católicos com a máxima representante dos anglicanos são muitos.
Mas a polêmica em evidência é pelas Ilhas Malvinas, ou Falklands para os britânicos, já que o encontro acontece um dia após o aniversário de 32 anos do desembarque argentino no arquipélago, que causou uma guerra entre a Argentina e o Reino Unido.
A guerra das Malvinas começou em 2 de abril de 1982, com a chegada das tropas argentinas, e terminou em junho do mesmo ano, com a rendição para as forças enviadas pelo Reino Unido.
Morreram no conflito 255 britânicos, três nativos e 649 argentinos.
A Argentina comemora em 2 de abril o Dia do Veterano e dos Caídos da Guerra das Malvinas, em um conflito que o Papa vivenciou.
A foi um duro golpe para o governo argentino e precipitou a queda da ditadura.
Há duas semanas, Francisco saudou e dedicou vários minutos a um grupo de ex-combatentes argentinos da guerra das Malvinas durante a audiência semanal.
"Ele nos pediu que continuássemos a trabalhar pela paz", relatou um dos 39 argentinos que participaram do encontro.
Jorge Mario Bergoglio, hoje papa Francisco, afirmou em 2012 que as Ilhas Malvinas eram um território "usurpado".
"São nossas", declarou, em uma declaração que foi lembrada pelo Reino Unido quando ele foi eleito chefe da Igreja Católica, em março de 2013.
Desde então, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, tem defendido o referendo realizado nas Ilhas Malvinas, no qual a população local escolheu ser britânica. A votação foi rejeitada pela Argentina e por parte da comunidade internacional.
Imediatamente após ser eleito pontífice, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, pediu a Francisco que mediasse a questão para que Londres aceitasse negociar sobre a soberania do arquipélago.
Além das Malvinas, os dois chefes de Estado têm divergências sobre a ordenação de mulheres, algo que a Igreja Anglicana, com 80 milhões de membros em 165 países, permite.
Outra questão que pode ser abordada é a recente entrada em vigor da lei que autoriza o casamento entre pessoas do mesmo sexo na Inglaterra.
A Igreja Anglicana opôs-se à lei. No entanto, o arcebispo de Canterbury anunciou que a Igreja ia parar de fazer campanha contra, uma posição não muito distante da que defende Francisco.
A rainha que conheceu cinco Papas
Durante seu longo reinado, Elizabeth II visitou duas vezes o Vaticano, para se reunir com João XXIII em 1961 e João Paulo II em 2000.
Ainda princesa, antes de subir ao trono, foi recebida por Pio XII em 1951.
Com Bento XVI, reuniu-se em setembro do 2010, quando o Papa realizou uma delicada visita ao Reino Unido.