O secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon, recebeu na última segunda feira (5), dos ministros de Relações Exteriores do Mercosul, uma queixa com relação a espionagem que estaria sendo praticada pelos Estados Unidos, que foi revelada por um dos envolvidos, o ex-tecnico da CIA, um órgão secreto americano, Edward Snowden. Os chanceleres do Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela, Antônia Patriota, Héctor Timerman, Luis Almagro e Elías Jaua, respectivamente, também questionaram o secretário geral a respeito do fechamento do espaço aéreo de países da Europa para o avião de Evo Morales, o presidente boliviano que no mês passado teve dificuldade em pousar no continente, pela suspeita de que estivesse com Snowden no avião, já que Evo Morales vinha ainda de uma visita a Russia.
Patriota, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, relatou mais tarde que o grupo compareceu na ONU como um bloco econômico para expor a preocupação que estão com relação as acusações e revelações de Snowden, sobre a prática de espionagem. Para ele, estas questões resultam em implicações graves em todo o mundo, e principalmente na América Latina. Patriota frisou ainda que esta visita do bloco ao secretário geral da ONU foi uma forma de alerta que estão dando e ficaram satisfeitos em ouvir de Ban Ki-Moon que ele partilha destas preocupações do grupo.
De acordo com Patriota, Ban Ki-Moon teria sido bastante receptivo a reclamação do Mercosul, afirmando concordar com as críticas à prática de espionagem dos Estados Unidos. Acontece hoje no Conselho de Segurança um debate presidido por Cristina Kirchner, a presidente da Argentina, ocasião em que deve ser tratado pelos ministros a mesma preocupação.
De acordo com o chanceler, o Mercosul está estudando a preposição de sanções contra países culpados de espionagens, mas no âmbito da Assembleia Geral da ONU. Entretanto, para ser válida, esta iniciativa precisa ainda passar pela autorização do Conselho de Segurança da ONU, que conta com os Estados Unidos com poder de voto e veto. Depois de ter sido revelado que as espionagens também tinham a América Latina como alvo, o descontentamento quanto a essa prática atingiu não apenas os aliados europeus de Washington, como também os países latinos.