Milhares de opositores à presidente Cristina Kirchner, convocados por partidos e pelas redes sociais, protestaram na noite desta quinta-feira na Praça de Maio, diante da Casa Rosada, contra a polêmica reforma judicial promovida pelo governo, constatou a AFP.
"Na Justiça não se mexe", "Todos somos vítimas", "Julgamento e castigo para os corruptos", "Julgamento político para CFK (Kirchner)", diziam os cartazes carregados pela multidão no centro de Buenos Aires.
O protesto reuniu diversos grupos opostos ao governo, que vão desde sindicatos ligados à CGT, liderados por Hugo Moyano, ex-aliado de Kirchner, até setores da direita, passando pelos socialistas.
Muitos manifestantes bateram panelas, uma forma de protesto que se transformou em símbolo de rejeição ao governo.
"Se a Justiça for dependente do poder deixará de ser Justiça. Há muito tempo que este governo tenta isto", advertiu o prefeito de Buenos Aires (direita) e um dos líderes da oposição, Mauricio Macri, ao convocar seus partidários para a manifestação na capital argentina.
"Não sou filiada a qualquer partido político, mas participo de todos os "panelaços" porque estou farta de tanta hipocrisia e soberba, e agora querem destruir a justiça", disse à AFP Ana María Fernández, uma aposentada de 64 anos, na Praça de Maio.
"O governo pensa que como obteve 54% dos votos em 2011 agora pode fazer o que quer", disse Gonzalo Ortiz, de 43 anos, ao lado da mulher grávida e com uma criança nos braços.
Entre os casos de corrupção que investiga a Justiça está a morte de 51 pessoas em 2012, em um acidente ferroviário na região de Buenos Aires, no qual estariam envolvidos altos funcionários por graves irregularidades na administração dos trens.
Reunidos na esquina das avenidas Callao e Santa Fé, no coração do Bairro Norte, de classe média alta, ativistas cantaram o hino nacional e abriram uma enorme bandeira argentina com uma faixa negra em sinal de luto antes de seguir em passeata para a Praça de Maio.
Kirchner promove no Congresso a reforma do Poder Judiciário que estabelece, entre outras mudanças, o voto popular para eleger 7 dos 19 membros do Conselho da Magistratura, que designa e remove os juízes.
A oposição afirma que a medida é destinada a controlar o Poder Judiciário e impedir a existência de magistrados independentes do Poder Executivo.
Apesar dos protestos, o governo aprovou no Congresso, nas seções realizadas na quarta e quinta-feira, seis artigos da lei da reforma, incluindo a publicidade das resoluções da Suprema Corte e das declarações patrimoniais dos funcionários do judiciário.
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