Os periódicos argentinos La Nación e Clarín entrevistaram, respectivamente, Aécio Neves e FHC. O que intentam estes jornais portenhos ao dar voz a dois golpistas aloprados do Brasil?
O menino bem nascido de Minas Gerais que mora no Rio foi entrevistado pelo La Nación, casa midiática da oligarquia argentina.
O ex-presidente desprestigiado e que quebrou o Brasil por três vezes balbuciou impropérios contra a presidenta Dilma a outro periódico direitista argentino, o Clarín.
Como se viu, neste último fim de semana os golpistas lançaram a pira de sua torpeza nas malfadadas páginas de jornais conservadores argentinos em busca de apoio não se sabe do que ou de quem.
Porque na terra de los hermanos quem comanda é a Cristina Kirchner, amiga do Lula e da Dilma.
O que explica muito do enlace entre as oligarquias midiáticas da Argentina e os políticos nascidos em berço de ouro, direitistas, golpistas aloprados do Brasil.
O La Nación e o Clarín entraram em guerra franca contra a presidenta da República argentina após a aprovação da Ley de Medios, aquela lei que a Dilma deveria colocar em pauta no Brasil e não o fez com medo da Globo.
Cristina Kirchner topou de frente.
Conseguiu aplicar a lei e reduzir os poderes de grupos midiáticos até então monopolistas e hegemônicos. Ainda assim sofre com a imparcialidade do judiciário e com os ataques desta mídia já desconcentrada.
Para se ter uma ideia, em junho deste ano, durante a Conferência da FAO, o jornal italiano Corriere Della Sera publicou uma manchete em que Cristina Kirchner teria visitado o Bulgari, em Roma, para comprar joias caríssimas enquanto discutia sobre fome infantil na ONU.
A discrepância foi difundida na Argentina pelo La Nación.
Os autores tiveram que pagar uma multa poucos meses depois porque a notícia não era verídica, assim como não era verdadeiro o diálogo entre a presidenta e o joalheiro minuciosamente engendrado pelos jornalistas.
Isso nos faz lembrar da Veja.
Se todas as vezes a revista da Abril fosse obrigada a pagar multa pelas noticias que falseou, não teria dinheiro para comprar nem mesmo o papel de impressão.
Existem mais analogias e semelhanças entre a mídia brasileira e a argentina.
Esta interligação entre as tradicionais forças midiáticas na América Latina nos faz atentar para o discurso de Marilena Chauí, no encontro de intelectuais em apoio ao governo da presidenta Dilma e à democracia.
Ela disse que forças conservadoras estão se insurgindo no mundo inteiro e no Brasil não é diferente. E aqueles que um dia lutaram pela democracia são os mesmos que hoje lutam pelo golpe.
Esta força que aqui se pensou estar amortizada nos últimos treze anos arquiteta uma volta ao poder de qualquer maneira. Não importa se pelo voto direto ou pelas vias antidemocráticas.
De modo que as ideias não germinarão e não serão difundidas em outro espaço senão na mídia hegemônica, monopolista e centralizada.
As entrevistas de Aécio e FHC coadunam com a perspectiva de que encontrarão na Argentina ideologias semelhantes às suas.
Entretanto, tudo indica que Daniel Scioli, candidato kirchnerista, vencerá as eleições argentinas ainda no primeiro turno.
Há de se supor que Aécio e FHC torcem para Mauricio Macri.
Eles não ganham uma.
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