O ditador argentino Jorge Rafael Videla pode não chegar ao andar de cima depois de cumprir uma sentença de prisão perpétua acrescida de 50 anos. Se o inferno existe mesmo, ele terá muito que pagar por lá, devido ao que fez quando foi presidente da Argentina durante o regime militar entre os anos 1976 e 1983.
Videla representou uma versão latina de Adolf Hitler, tamanha era sua crueldade. Torturou inúmeros civis e reinava absoluto como o dono de todo o país, que não se esqueceu de uma só vírgula do que fez.
Dedicava-se ao terror dos presos políticos enquanto os militares eliminavam os subversivos vinculados a grupos de guerrilheiros, além de civis sem militância política e até empresários. Casos de asfixia com sacos plásticos eram comuns.
Videla lançou mão de seus métodos de eliminação, pois fuzilar pessoas e sepultá-las em cemitérios como indigentes não pode resultar em nada compreensível.
Os fatos infelizmente são lamentáveis, mas o ditador fez uso de toda blindagem para não morrer na prisão, através dos benefícios da Lei 6.689, a Lei da Anistia de 1979, remanescente da ditadura militar. Os argentinos, no entanto, conseguiram decretar autoanistia para seus crimes em 1973. Videla ocupou uma cela no módulo quatro do Complexo Penitenciário Federal desde o ano passado, cujo único mobiliário era uma estante cheia de livros de História com textos religiosos, além de uma mesa de cabeceira, uma foto da família e um grande crucifixo de madeira.
O ex-ditador pagava também pelos roubos de mais de 35 de filhos desaparecidos e 35 bebês, todos filhos de políticos, mortos sem nenhuma honra militar ou até mesmo funeral. A crueldade da ditadura de Videla foi próxima da de Hitler, sem dúvida. Em 2010, tem se defender das ações do regime, que ele considerou “necessárias”.
Se o inferno existe mesmo, ele estará dentro de um forno.