Mesmo descontando a ausência do suspenso Suárez, o Uruguai foi a seleção de pior relação potencial/desempenho no grupo mais forte da Copa América.
O problema segue o mesmo: criação de espaços contra times fechados. Parece que jogaram fora a forma do Enzo Francescoli. Primeiro Lodeiro pelo centro na linha de quatro atrás de Cavani e da revelação Rolán. Na segunda etapa, De Arrascaeta centralizado num 4-2-3-1. Sem sucesso. 55% de posse, mas pouca efetividade.
A vitória veio na jogada aérea de bola parada, arma da Celeste além da ligação direta para os atacantes. Desta vez, surpreendentemente, sem a participação de Godin, ótimo neste tipo de jogada no Atlético de Madri e na seleção. Giménez preparou, Cristian Rodríguez completou.
Gol único em Antofagasta porque a Jamaica do alemão Winfried Schäfer mostrou força, velocidade e organização na execução do 4-2-3-1. Mas falta técnica. Mattocks e Barnes, um em cada tempo, perderam chances cristalinas. O segundo com Muslera fora da meta.
Duas das dez finalizações jamaicanas contra nove uruguaias. Apenas duas no alvo para cada lado. Junto com as 33 faltas e os 84 passes errados formam um "combo" de mau futebol. Decpecionante. Só não foi pior que México (B) 0x0 Bolívia pelo Grupo A.
ANDRÉ ROCHA - TACTICAL PAD
Bem diferente de Argentina 2x2 Paraguai em La Serena. Especialmente pelo segundo tempo. Porque na primeira etapa só os argentinos jogaram. 71% de posse, sete finalizações contra uma - quatro a zero no alvo.
O Paraguai temeu demais Messi. Armou duas linhas de quatro e Victor Cáceres entre elas. O plano era que o gênio argentino, repetindo na albiceleste a movimentação de ponta-meia-camisa dez do Barcelona, recebesse o combate do lateral Samudio e, quando cortasse para dentro, o volante do Flamengo daria o bote.
A solução negava espaços ao craque adversário. No entanto, fazia o sistema tático isolar o lento Roque Santa Cruz na frente para os contragolpes. Bobadilla e Haedo Valdez se limitavam a marcar Rojo e Roncaglia, titular porque Zabaleta ficou no banco por problemas físicos.
Reprodução Sportv
Os gols, porém, não saíram em jogadas construídas pela equipe de Gerardo Martino. Pressão de Messi sobre Samudio, bola mal recuada, Aguero chegou antes, limpou Anthony Silva e abriu o placar. O segundo em pênalti mais que discutível sobre Di Maria que Messi converteu.
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Jogo resolvido no primeiro tempo? Prenúncio de goleada argentina? Não com Ramon Díaz trocando Ortiz por Derlis González, invertendo o lado de Bobadilla e mudando o sistema para o 4-4-2 avançando Valdez para se juntar a Santa Cruz. Principalmente transformando atitude, intensidade e volume de jogo, com linhas adiantadas e pressão no campo de ataque.
O efeito colateral era mais espaços para Messi, que quase marcou um golaço depois de driblar o goleiro e mais tarde chegou atrasado para completar passe de Aguero. Poderia ter sido também ficar com dez homens por conta das duas faltas duras seguidas de González que o árbitro colombiano Wilmar Roldán "perdoou".
Valdez, não. De longe, belo chute sem chances para Romero que recolocou o Paraguai no jogo, junto com as substituições infelizes de Martino.
O 4-4-1-1 com Higuaín na frente brigando com a bola, Di Maria perdido à direita e Tevez pela esquerda mais marcando Marcos Cáceres que aparecendo para concluir definitivamente não funcionou. Porém no talento ainda houve chance de matar o jogo, com Tevez servindo Di Maria, mas o goleiro paraguaio salvou. A troca de Banega por Biglia não melhorou a produção no meio.
Ramon Diáz foi mais feliz e transformou a boa disputa no segundo tempo num jogaço. Com Benítez na vaga de Bobadilla, especialmente Lucas Barrios no lugar de Santa Cruz. O atacante pretendido pelo Palmeiras, argentino naturalizado paraguaio, aproveitou falha de marcação no rebote da bola aérea e empatou um jogo que ficou menos desequilibrado, mas seguiu desigual.
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A Argentina dominou, mas nem controlou, nem foi objetiva. 64% de posse, 18 finalizações contra dez. Messi cumpriu boa atuação, não de melhor do mundo. Por ter sido criado no jogo coletivo do Barcelona, muitas vezes falta ao camisa dez a genialidade insana, o "me dá a bola aqui que eu vou decidir!" que fez de Maradona um Deus para os argentinos.
Não resolveu o fantástico segundo tempo do melhor jogo da Copa América, disparado, e a liderança do Grupo B caiu no colo do tosco Uruguai.
(Estatísticas: Footstats)