O duelo Ronaldo-Messi
A grande batalha volta dentro de minutos.
Por momentos, o Portugal-Argentina pareceu um duelo entre D’Artagnan e o Cardeal Richelieu. Entre Ronaldo e Messi rodeados dos seus mosqueteiros. Todos por um e um por todos, pensar-se-ia, se o jogo não tivesse sido vendido como a batalha final entre os dois grandes futebolistas para saber quem é o "melhor". No jogo, nenhum foi: foi um empate entre ambos. E foram os mosqueteiros que deram cor ao jogo, numa aliança entre Quaresma e Guerreiro. Mas nesse aspeto não há dúvidas: cada adepto pensa com o coração. E para os portugueses Ronaldo será sempre o melhor.
Como para os argentinos Messi será o melhor. Para desempatar, só há nomes como Platini e Joseph Blatter, e desses não se pode esperar nada de sensato ou inteligente. Porque os seus interesses são claramente outros. O certo é que o braço de ferro que os dois futebolistas mantêm há anos, espicaçados ainda mais por cada um jogar nos eternos rivais de Espanha (Real Madrid e Barcelona), tornou-se um espetáculo particular dentro do mundo do futebol. São jogadores diferentes que, por acaso, surgiram na mesma época. Não deixou de ser curioso que eles tivessem agora de se defrontar num palco que representa a própria história do futebol, Old Trafford. Manchester é a cidade do futebol jogado por trabalhadores, cujos adeptos viviam lado a lado. E que descobriam, ao fim de semana, um divertimento comum, com regras simples. Nem aqui houve tréguas, mesmo sabendo que o futebol é hoje um desporto global. As estatísticas mostram um equilíbrio surpreendente no número de golos de cada um, embora os estilos divirjam.
Nenhum deles tem tanto sucesso com as seleções, ao contrário do que fazem nos clubes. No Brasil viu-se: Ronaldo jogou em sofrimento para muito pouco, Messi parecia estar a viver um pesadelo em cada jogo. Mas, nos clubes, transcendem-se, e são o sol que ilumina cada equipa. A potência física de Ronaldo choca com a intimidade com que Messi joga a bola. Ronaldo está mais junto da área, Messi vem-se afastando dela nos últimos dois anos. E por isso Ronaldo vai desafiando os recordes e batendo-os, um a um. Como se não existissem limites. Em Old Trafford, anularam-se mutuamente. Como se tivessem feito uma pausa numa guerra nunca declarada. Assim, viram-se outros artistas. E ainda bem.