O dia em que a Argentina parou

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ECONOMIA

Nº edição: 790 |

Economia
23.NOV.12 - 21:00

O dia em que a Argentina parou

Com a popularidade em baixa, a presidente Cristina Kirchner enfrenta greve geral e freia, novamente, as importações brasileiras com novas medidas protecionistas.

Por Patrícia ALVES

Em plena terça-feira 20, dia útil na Argentina, as ruas vazias davam à capital, Buenos Aires, um ar de feriado. Em todo o país, a situação era a mesma: comércio fechado, fábricas com as máquinas paradas e escolas sem aulas. Foi a primeira greve geral, em cinco anos, que, segundo as confederações sindicais, teve a adesão de quase 100% dos trabalhadores, mobilizados por reajustes de salários e aposentadorias, controle da inflação e revisão do sistema de cobrança do Imposto de Renda. Nos aeroportos, os voos das companhias argentinas foram cancelados e milhares de turistas, entre eles brasileiros que viajaram para o feriadão, tiveram de esperar para voltar para casa. 

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As fotos de uma estação de trem vazia em Buenos Aires, às três da tarde da terça-feira, são também uma metáfora do que acontece com a economia, que sofre com a falta dos investidores estrangeiros, depois de um histórico de intervenções e mudança de regras, como a reestatização da Repsol-YPF, em abril deste ano. Ainda assim, o país vizinho mantém uma importância enorme para o Brasil, não apenas pela proximidade geográfica e pela parceria no Mercosul, mas também porque se trata do terceiro maior mercado para os produtos brasileiros e destino de 7,5% de todas as exportações do País. No entanto, uma série de medidas arbitrárias tomadas por “La señora”, como é conhecida Cristina em seu país, como a exigência de uma autorização prévia para as importações, já reduziram em 20% os embarques brasileiros neste ano. 

Apesar da irritação – entre os técnicos e ministros nas conversas informais, mas nunca externada oficialmente – do governo brasileiro com a Argentina, o discurso de Dilma deve focar na integração entre os dois países. Na avaliação, tanto do Planalto quanto dos empresários, a Argentina pode ser um parceiro difícil, mas é importante porque é o principal destino de manufaturados brasileiros. “Se abrirmos mão, vamos virar só um exportador de commodities”, afirma José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB). Carlos Abijaodi, diretor de desenvolvimento industrial da CNI, segue na mesma linha. “Mesmo com todas as dificuldades, a Argentina é um parceiro que interessa muito às empresas brasileiras”, diz Abijaodi. Ou seja, ruim com eles, pior sem eles.

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A greve geral da semana passada, na Argentina, mostrou que a fórmula populista da presidenta Cristina Kirchner está sendo confrontada pela mesma população que a elegeu há exatos 13 meses, com 54% dos votos. Do outro lado do Oceano Atlântico, a presidenta Dilma Rousseff aproveitou a 22a Cúpula Iberoamericana, no dia 17, na cidade de Cadiz, na Espanha, para questionar outro modelo inócuo de governo: o corte de gastos excessivos adotado por países europeus para controlar a crise, que se arrasta há mais de três anos. “As políticas que só enfatizam a austeridade vêm mostrando seus limites”, discursou a presidenta, lembrando que essa postura rígida não diminuiu os déficits fiscais no Velho Continente. Dilma defendeu estímulos ao crescimento para restaurar a confiança e acertar o foco da retomada. 

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