Novos líderes, a mesma vontade de vencer

Exatamente 52 dias depois do triunfo na final da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, os heróis do futebol alemão sofreram um revés jogando em casa. Justamente contra o adversário da decisão, a Argentina, a seleção do técnico Joachim Löw foi derrotada nesta quarta-feira por 4 a 2. Enquanto os sul-americanos puderam pelo menos comemorar uma pequena revanche na Düsseldorfer Arena, que estava lotada e muito animada, os alemães devem ter percebido que, depois de conquistar a sua quarta estrela, chegou novamente a hora de trabalhar com muito afinco.

Na quinta-feira, o discurso na imprensa germânica era sobre uma seleção que parecia estar acordando de mau humor. A primeira atuação da equipe depois do título mundial no Brasil foi considerada "decepcionante". Chegaram ao ponto de dizer que é preciso ficar feliz que o craque argentino Ángel di María, que marcou um gol e deu três assistências na partida, não tenha participado da final no Maracanã há cerca de sete semanas porque estava lesionado.

Tudo isso é obviamente um exagero, afinal a Alemanha entrou em campo com apenas cinco jogadores que foram titulares na final da Copa do Mundo: Manuel Neuer, Benedikt Höwedes, Toni Kroos, Christoph Kramer e André Schürrle. Já a Argentina não contou com o superastro Lionel Messi. No entanto, era possível sentir um certo assombro com o selecionado de Löw que não deve ser subestimado.

Novas funções para nomes consagrados
"Isso deve ser um sinal de alerta para que nós voltemos a entrar nos eixos", afirmou Neuer depois do confronto, mostrando-se tudo menos satisfeito. "Obviamente estamos decepcionados, isso é certo. Muitos jogadores voltaram a treinar há pouco tempo. Queríamos ganhar a qualquer custo. Mas o mais importante será o jogo contra a Escócia. Agora precisamos nos preparar para a partida de domingo pelas eliminatórias para a Eurocopa."

Em meio à compreensível tentativa dos jogadores alemães de voltar rapidamente a se concentrar nas atividades mais importantes, o verdadeiro desafio do treinador Joachim Löw quase cai em esquecimento. Pouco antes do pontapé inicial, foi anunciada no estádio a aposentadoria de três importantes jogadores da seleção alemã: o capitão Philipp Lahm (113 jogos pela Alemanha), o recordista em gols Miroslav Klose (137) e o experiente zagueiro Per Mertesacker (104). Além disso, não se sabe quando o novo capitão Bastian Schweinsteiger conseguirá se recuperar dos problemas no tendão da patela.

Não há dúvidas de que a seleção campeã mundial está passando por um leve processo de renovação. Todos acreditam que jogadores como Neuer, Müller, Sami Khedira e Mats Hummels serão capazes de apresentar as qualidades necessárias para formar o novo grupo de líderes dentro da equipe. No entanto, serão deixadas algumas lacunas do ponto de vista esportivo. Como se sabe, não há no momento grandes opções para substituir Lahm na lateral direita nem Klose na posição de centroavante. No ataque, o candidato mais promissor é Mario Gomez, embora o autor do gol do título mundial Mario Götze também seja uma possibilidade, mas para isso a Alemanha precisaria mudar o seu esquema tático tradicional e atuar com um falso camisa nove.

Papel central de Reus e sede de sucesso
Em todo caso, apesar da derrota diante dos companheiros de Di María, pelo menos um jogador da Alemanha estava certamente com ânsia de jogar. Ao lado de Kroos, que teve ótimas atuações na Copa do Mundo, boa parte dos holofotes em Düsseldorf estava direcionada para Marco Reus. O habilidoso jogador de 25 anos mal pode esperar para que finalmente comece a disputa das eliminatórias para a Eurocopa 2016, e ele sabe bem que terá de desempenhar um papel especial na seleção nos próximos dois anos.

"Ainda posso melhorar", afirmou Reus aos jornalistas. Com isso ele se referiu ao nível atual do seu futebol. Mas é possível interpretar essa frase de modo diferente, quase como um desafio de um dos melhores jogadores do planeta, que ficou de fora do Mundial nos últimos momentos devido a uma contusão e agora quer fazer a diferença na equipe campeã do mundo. Com sede de sucesso, o craque do Borussia Dortmund tem tudo para ser um dos destaques da Alemanha na era que virá depois da conquista no Brasil 2014. 

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