MARIANA CARNEIRO BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - O novo governo da Argentina decretou emergência energética no país, onde as elevadas temperaturas do verão puseram em operação aparelhos de ar-condicionado e fizeram retornar os apagões que deixam às escuras parte da capital, Buenos Aires, e cidades dos arredores.
Recém-nomeado ministro da Energia, Juan José Aranguren disse que a medida, que permite que o governo faça cortes preventivos no fornecimento, é necessária porque o país está à beira de um colapso energético. O problema, segundo descreveu em entrevista coletiva nesta terça (15), não é a geração, mas a distribuição da energia, que se deteriorou por falta de investimentos nos últimos anos. "O problema atualmente está na distribuição, e isso se resolve com manutenção", disse ele. A emergência energética terá validade até 2017.
Segundo Aranguren, o governo observará a necessidade de iluminação pública durante a noite, por seus reflexos na segurança pública, mas admitiu que eventos noturnos, como espetáculos e shows, podem ser afetados pelos cortes, que deverão ser anunciados previamente. "Isso é para que possamos implementar as medidas necessárias para resolver um problema que hoje está sendo evidenciado cada vez que as temperaturas sobem", afirmou.
O ministro, que no dia anterior havia antecipado que as tarifas de gás e luz, hoje subsidiadas pelo governo, começariam a ser corrigidas a partir de janeiro, evitou dar mais detalhes. "Temos que voltar à normalidade", afirmou. 24°C Aranguren, que foi presidente da Shell Argentina até meados deste ano, acrescentou que o número de horas sem fornecimento de energia quase quadruplicou, em Buenos Aires desde 2003, saltando de uma média de 8,3 horas sem luz para 32,5 horas neste ano. "Estamos convencidos de que precisamos dar exemplos e vamos instruir para que, nos edifícios públicos, evitemos colocar o ar-condicionado em 18°C e subamos a temperatura para 22, 23 ou 24ºC".
VACA MUERTA
Após reunião com empresários do setor de petróleo, o presidente argentino, Mauricio Macri, anunciou que a filial da americana Dow Chemical prevê investir US$ 500 milhões no ano que vem na exploração de gás de xisto na província de Vaca Muerta - equivalente ao pré-sal argentino, onde há, além de xisto, petróleo e gás convencional. É o primeiro investimento internacional de vulto anunciado pelo presidente, que assumiu na semana passada e tenta atrair capital estrangeiro ao país. Segundo a empresa, serão perfurados 30 novos poços de exploração de gás de xisto na região no ano que vem, totalizando 180. A Dow firmou parceria com a estatal YPF em 2013, para alavancar a produção na região, que fica na província de Neuquén, na Patagônia argentina.