Após o segundo ato de agressão de torcedores a jogadores do Palmeiras no ano, Paulo Nobre, presidente do clube há um mês e meio, resolveu se colocar à frente de um movimento no futebol. O dirigente convoca colegas de todas as equipes para uma luta contra a impunidade a quem pratica atos de violência no futebol brasileiro.
"O Palmeiras vai tentar fazer um movimento para que alguma coisa aconteça de fato", disse Nobre, ainda irritado com a confusão com membros da organizada Mancha Alviverde, em aeroporto de Buenos Aires, que tinha Valdivia como alvo, mas acabou gerando corte na cabeça de Fernando Prass. No início deste ano, Zeca Urubu, que faz parte da facção, estava na Argentina e já tinha agredido João Vitor, trocou socos com Fabinho Capixaba em frente ao Palestra Itália.
"O ser humano respeita muito a certeza da punição. Se você vem com seu carro e vê um radar ou alguém pisca o farol avisando que tem polícia, você diminui. A certeza da punibilidade faz você cumprir. A partir de alguns punidos, outros não vão querer o mesmo destino", apostou o mandatário.
Nobre é mais um presidente de um clube grande de São Paulo que tem história em uma torcida organizada. Se Andrés Sanchez, mandatário do Corinthians entre 2007 e 2011, fundou a Pavilhão 9, o palmeirense fazia parte nos anos 1990 da Inferno Verde. "Na época, esse tipo de vandalismo não acontecia", comparou. "Os atos de violência não partem de torcedores, e sim de bandidos. Eles têm que ser expurgados do futebol porque afastam o torcedor comum e apaixonado pelo Palmeiras."Apesar do discurso, Nobre quer evitar uma crítica geral mesmo a uma organizada específica. Por isso, nem cogita pedir a extinção de alguma delas. "Não cabe ao Palmeiras ir ao Ministério Público pedir isso. O que vou pedir é apoio aos órgãos públicos para acabar com a violência no futebol. Cabe aos órgãos públicos tomar atitudes", indicou.
E esses atos podem partir mesmo da Conmebol, que neste ano passou a contar com ações de seu Tribunal de Disciplina. "Não temo punição ao Palmeiras, mas gostaria que a Conmebol tomasse alguma atitude em relação a esse tipo de coisa. O Palmeiras não sairia prejudicado. Com qualquer coisa contra a violência, o futebol tem a ganhar", falou o presidente.
De sua parte, a ação foi cortar as regalias de membros da torcida organizada, que até o jogo de quarta-feira, contra o Tigre, só gastavam com hospedagem e viagem em partidas fora do Brasil, já que ganhavam os ingressos da diretoria. "Talvez tenha sido um erro de avaliação, mas não fico cortando bom relacionamento em cima de hipótese. O relacionamento com os líderes da torcidas sempre foi muito bom comigo. Talvez os líderes não estejam conseguindo conter maus elementos", afirmou o dirigente.
Com palavras firmes, Paulo Nobre deseja ensinar uma lição que sirva de modelo. "Faz parte das organizadas identificar e entregar à polícia (os responsáveis pela confusão em Buenos Aires) se quiser ter diálogo com essa presidência. O Palmeiras não é refém de torcida uniformizada. Até que alguma medida seja tomada, as regalias estão todas cortadas", sentenciou. "E queremos que as diretorias de todos os clubes se conscientizem de que adversário não é inimigo, apenas adversário", concluiu.