Argentina
Viviana Fein, responsável por investigação da morte do promotor, preferiu não fazer nenhuma associação da distância do disparo à tese do suicídio
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A promotora argentina Viviana Fein, que investiga a morte do procurador Alberto Nisman, afirmou neste sábado que as perícias preliminares indicam que o desafeto da presidente Cristina Kirchner levou um tiro "a uma distância não maior do que um centímetro, por sobre a orelha". Nisman foi achado morto poucos dias depois de apresentar uma grave denúncia contra a presidente Cristina Kirchner e vários apoiadores, segundo a qual o governo trabalhou para encobrir o envolvimento de iranianos no atentado terrorista contra o centro judaico Amia em Buenos Aires, ocorrido em 1994 e que deixou 85 mortos.
Em declarações ao canal de notícias TN, Viviana afirmou que o tiro foi disparado "com a arma apoiada sobre a têmpora" e repetiu que não há provas de participação de outras pessoas. Ao divulgar o resultado inicial da perícia, a promotora tratou de afastar a versão, que circulava desde a noite de sexta, segundo a qual o tiro teria sido disparado a 15 centímetros de distância. Qualquer conclusão, entretanto, deve ser evitada sobre o caso, insistiu a investigadora: "Estamos aguardando os exames toxicológico e histopatológico, que podem demorar."
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A revelação sobre a distância mínima entre a arma e o local do ferimento a bala é mais um elemento a aumentar o mistério sobre a morte de Nisman, já que ele não tinha resíduos de pólvora nas mãos. A pistola calibre 22 encontrada ao lado do corpo do promotor foi emprestada por Diego Lagomarsino, funcionário de confiança de Nisman. Atualmente impedido de deixar o país, ele já se colocou à disposição para prestar esclarecimentos sobre a caso.
Lagomarsino tem 35 anos, é casado e pai de duas filhas. Especialista em informática, ele teria sido contratado pela promotoria de Nisman em 2007. Seu salário chegava a 40.000 pesos por mês (12.000 reais) por um contrato de prestação de serviços, valor que chama a atenção por ser considerado alto, de acordo com a imprensa argentina.
No último sábado, ele foi ao apartamento de Nisman para entregar a arma da qual saiu o tiro que matou o promotor, segundo a perícia. O corpo de Nisman foi encontrado no apartamento no início da madrugada de segunda-feira, com um tiro no rosto.
Na segunda-feira, o especialista em informática apresentou-se espontaneamente para prestar esclarecimentos e disse à promotora e à juíza que Nisman havia sido alertado por um ex-diretor da Secretaria de Inteligência para que cuidasse de sua segurança pessoal e a de sua família. É bom lembrar que dez policiais trabalhavam na segurança do promotor.
Nos primeiros dias após a morte do promotor, a posição oficial do governo argentino foi a de apoio à tese de suícidio, rapidamente evocada inclusive pela presidente Cristina Kirchner .Na quinta-feira, porém, Cristina emitiu uma nota nas redes sociais se contradizendo e descartando a hipótese inicial.
(Com agência France-Press)