Natal e Buenos Aires são os destinos favoritos dos rio-pretenses

Lézio Júnior/Editoria de Arte


O Nordeste, principalmente Natal (RN), e a vizinha Buenos Aires, na Argentina, são os destinos preferidos dos rio-pretenses. O ranking de viagens nacionais inclui ainda Maceió (AL), Fortaleza (CE), Porto Seguro (BA) e Gramado (RS). Essa última é a única que não fica no Nordeste. A lista dos destinos gringos com maior presença de rio-pretenses tem, além da capital argentina, Orlando, Miami, Punta Cana, Paris e Nova York. Neste ano, a disparada do dólar e as incertezas do mercado com a chegada da nova equipe econômica do governo federal, fez o brasileiro preferir o próprio País como destino no fim do ano.

A cada dez pacotes vendidos para rio-pretenses, nove são nacionais. Bem diferente do cenário do ano passado, quando 40% das viagens eram para cidades fora do País. “Os turistas ficam assustados. Dá insegurança comprar viagem agora para o exterior, porque não sabem quanto vai estar a cotação e o quanto vão gastar,” diz o diretor regional das Agências de Viagens Independentes do Interior do Estado de São Paulo (Aviesp), Sebastião Pereira Martins. Apesar da mudança de roteiro, o rio-pretense está desembolsando 25% mais com turismo do que no ano passado.

No litoral nordestino, os resorts são as opções mais desejadas. É para lá que vão o gerente Fernando Nogueira, 34 anos, a mulher, Ana Paula, e a filha, Laís, 3 anos. Escolheram Natal. “Conhecemos algumas cidades do Nordeste, mas faltava Natal. Alguns familiares que já foram até lá disseram muito bem do lugar.”

A família até cogitou uma viagem internacional – para a Disney –, mas preferiu um resort. “Nossa filha ainda está muito nova e não aproveitaria tanto. Mesmo com preços parecidos, preferimos o Nordeste.” De acordo com a agente de viagem Carla Stefani Piloni, os resorts são escolhidos pela praticidade. “São ótimos para a família, porque têm programação variada. Os preços são um pouco mais altos, mas quem viaja sabe que tudo está incluído e que não vai ter surpresa com gastos extras.”

Esse é o pensamento de Luiza Barbieri Soares, 63 anos. “Só levo o dinheiro para o sorvete. Pagamos um pouco mais caro, mas depois temos de tudo.” Já perdeu as contas de quantas vezes foi ao Nordeste. Vai com a família pela terceira vez para um resort em Porto de Galinhas. O grupo é de oito pessoas. Como o Nordeste é destino popular entre os rio-pretenses, ela nem estranha quando cruza com algum conhecido por lá. Perguntada dos motivos que a fazem voltar, não titubeia. “É muito bom, tudo muito lindo. Você conhece? Se não, não perde tempo e vá conhecer.”

Poucas opções disponíveis

Segundo a Associação Brasileira dos Agentes de Viagem (ABAV), restam apenas 30% dos pacotes para o fim do ano. Quem deixou para a última hora deve enfrentar preços mais salgados. “Para o fim do ano e começo de janeiro as opções que restam estão mais caras e os voos são piores, pelas escalas e horários,” diz a agente de viagem Lara Guimarães Accorsi. Mesmo quem se planejou teve de enfrentar a inflação de fim de ano. Segundo as agências ouvidas pelo Diário, uma viagem para Porto Seguro até novembro custava por volta de R$ 1 mil. Em dezembro e janeiro, os pacotes não saem por menos de R$ 2 mil.

Cruzeiros

Outra opção bastante concorrida para o fim de ano é o mar. Os cruzeiros têm conquistado muitos fãs. A temporada começou no início deste mês e vai até abril de 2015. Eles saem do porto de Santos e podem ser nacionais ou internacionais. Os primeiros vão até o litoral nordestino ou ficam na região do Rio de Janeiro. Alguns param na praia de Copacabana e permitem visão privilegiada dos fogos de artifício. Os internacionais têm como destino Montevidéu e Buenos Aires.

De ônibus para o Litoral e Camboriú

O aumento do número de passageiros de avião não quer dizer que os ônibus deixaram de levar turistas. As viagens rodoviárias ainda têm público fiel, tanto pelo preço quanto pelo destino. No fim de ano, elas se concentram no litoral paulista e em Camboriú, em Santa Catarina. Destinos em que é mais vantajoso ir de “busão” do que de avião. Nem as 12 horas de viagem assustam quem deseja visitar a cidade catarinense. Não há voo direto para chegar lá. Resta a opção de ônibus. Além disso, o preço do pacote para o litoral catarinense sai por menos da metade em comparação com o Nordeste.

“Muita gente chega na agência com a ideia de ir para o litoral do Nordeste, mas se assustam com os altos preços. Quando veem Camboriú, logo ficam interessados,” diz o agente de viagens Sérgio Brás. Para o fim do ano, um pacote para a cidade catarinense custa em torno de R$ 1,2 mil. Enquanto isso, a viagem individual para Fortaleza ou Natal ultrapassa os R$ 3 mil. Entre o Natal e o Réveillon, a empresa de Sérgio vai levar cinco ônibus para Camboriú. “Já estou com três ônibus lotados e poucas vagas em outros dois.”

Johnny Torres


Ana Paula, a filha, Laís, e Fernando se preparam para ir a Natal no fim do ano



Aumenta hospedagem na casa de parente

Hotéis, pousadas e resorts ainda são os meios de hospedagem preferido entre os turistas brasileiros. Mas isso vem mudando. A cada ano aumenta o número de viajantes que ficam na casa de parentes ou amigos. Segundo o Ministério do Turismo, 42,3% dos turistas que pretendem viajar vão ficar na casa de parentes ou amigos. O percentual é rentes 4,3% maior do que o do ano passado, quando 38% pretendia a hospedagem familiar. Enquanto isso, 47% disseram que pretendem pagar por hotéis ou pousadas.

Em 2013, o percentual com essa intenção era de 51,4%. ção A pesquisa mostrou também que 31,6% dos brasileiros pretendem viajar. Entre os turistas, a maior parte, 54,2%, vai de avião. Enquanto 30,3% vão de carro e 12,5%, de ônibus. Os destinos nacionais foram escolhidos por 77,6% das pessoas e os internacionais por 20,6%. O restante ainda não decidiu. Para os que vão viajar dentro do Brasil, a região mais procurada é o Nordeste, que recebe 41,6% dos turistas. Sudeste, 26,7%, e Sul, 21,3%, vêm na sequência.

Guilherme Baffi


Rosiley, o marido José Walter e a filha Luísa vão para Orlando e Miami



Os 62 centavos que fazem toda diferença

O valor é de R$ 0,62, mas tem feito toda a diferença. Essa foi a variação do dólar turismo no período de um ano – saiu de R$ 2,39 em novembro de 2013 para R$ 3,01 agora. O dólar turismo é usado aquisição de passagens aéreas, para gastos em estabelecimentos internacionais e para a conversão de débitos efetuados em moeda estrangeira no cartão de crédito.

O aumento alterou as rotas das férias. “O movimento para viagens internacionais está bem fraco. Com o dólar mais alto, os turistas preferem os destinos nacionais,” diz o agente de viagens Sérgio Brás. Mas em alguns casos, o desejo de passar o Réveillon no exterior fala mais alto. Entre os cinco pacotes preferidos dos rio-pretenses estão Buenos Aires, Orlando/Miami, Punta Cana, Paris/Londre e Nova York.

A fisioterapeuta Rosiley Cosenza, 56 anos, vai com a família para Orlando e Miami, nos Estados Unidos. “Já conhecemos mi, as opções nacionais, então dei preferência para o exterior. Vamos passar o aniversário do meu irmão na Disney.”

Os destinos no exterior costumam depender da classe social, segundo os agentes de viagem. Classe A prefere Paris/Londres. A classe B escolhe Cancún e Punta Cana e a classe C, Buenos Aires. Pacotes para a capital argentina saem por volta de R$ 1,5 mil. Para a Europa, acima de R$ 6 mil.

O agente Vinicius Domingos diz que quem vai para a Europa aproveita para conhecer ou visitar mais de uma cidade, por isso os pacotes compreendem Paris e Londres, às vezes inclui até cidades da Itália.Ele conta que quem viaja ao exterior, geralmente compra o pacote com antecedência e por isso pagou mais barato pelo dólar.

Seguro

A viagem pode ficar um pouco mais cara devido ao seguro viagem, item obrigatório para alguns destinos internacionais. Na Europa, países que integram o Tratado de Schengen exigem um seguro que cubra, pelo menos, 30 mil euros para despesas médico-hospitalares. São eles Reino Unido, França, Alemanha, Espanha, Portugal, Itália, Grécia, Holanda, entre outos.

O preço do seguro varia. Um básico, que cobre até 10 mil dólares, custa em torno de R$ 100. Apesar de mais usado em destinos internacionais, o seguro também pode ser utilizado em roteiros domésticos, principalmente quando houver entre os passageiros crianças ou idosos.

Guilherme Baffi


Luísa e o neto Lucas vão para curtir as praias do Nordeste



Classe B é a que mais viaja

O número de turistas rio-pretenses cresce ano a ano. Segundo Sebastião Pereira Martins, da Aviesp, o aumento nos últimos cinco anos foi de 50%. Esse crescimento foi refletido nos gastos com despesas de viagens. De acordo com o IPC Maps, índice que mede potencial de consumo, o gasto dos rio-pretenses com viagens chegará a R$ 179,5 milhões em 2014. O valor é 25,6% maior que o do ano passado, que foi de R$ 142,9 milhões. Com exceção de 2012 para 2013 – quando o valor gasto caiu 6% –, o consumo com viagens tem crescido ano a ano entre os rio-pretenses. Em seis anos, o aumento foi de 84,1%, quando saiu de R$ 97,5 milhões em 2008 para R$ 179,5 milhões em 2014.

O aumento do consumo tem a ver com o crescimento da classe C, mas é a classe B quem mais contribuiu. Em 2008, a classe B gastou R$ 38,5 milhões em viagens, contra R$ 95,9 milhões neste ano, aumento de 149%. No mesmo período, a classe C aumentou os gastos em 84%, saindo de R$ 12,4 milhões para R$ 22,9 milhões. Segundo o IPC, as classes sociais são distribuídas por: A, classe alta, com renda familiar acima de R$ 11 mil mensal; a B, classe média, tem renda de R$ 4,3 mil a R$ 11 mil; a C, classe emergente, ganha de R$ 1,4 mil a R$ 4,3 mil; D e E, baixa renda, tem ganhos até R$ 1,4 mil.




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