O presidente da Argentina, Mauricio Macri, obteve mais uma vitria poltica. Aps ganhar as eleies em um segundo turno apertado, ele se fortalece agora graas a divergncias na oposio.
A coalizo Frente para Vitria, formada principalmente por peronistas e que apoia a ex-presidente Cristina Kirchner, sofreu baixas nesta semana. Um grupo de 14 deputados abandonou a bancada e formou uma nova, a Justicialista.
Com isso, a oposio perde cadeiras na Cmara, e uma ala considerada aberta ao dilogo se expande.
Macri continua sem a maioria, mas passa a ter qurum prprio, podendo conseguir de modo mais fcil os 129 deputados (metade mais um) necessrios para uma sesso.
Presidncia da Argentina/Reuters
Mauricio Macri (dir.) recebe o presidente da Bulgria, Rosen Plevneliev, na Casa Rosada
A Casa passa a ser formada por 90 polticos da situao, 89 da oposio, 64 "dialoguistas" e 14 que no se enquadram em nenhum dos grupos.
Os deputados que debandaram afirmaram em um documento que faro uma "oposio responsvel" ao governo de Macri e reconhecero erros da gesto kirchnerista.
Os que permaneceram no bloco colocaram a culpa em Macri. "Sem dvida, essa ruptura foi promovida pela Casa Rosada. O macrismo fez todos os esforos para provocar a quebra com o objetivo de ter qurum prprio. Os deputados que saram atenderam a essa manobra", afirmou a deputada Teresa Garca ao "La Nacin".
A tendncia, segundo analistas, que novas dissidncias ocorram nos prximos dias.
"A ruptura um indicador da derrota eleitoral e da falta de um lder e de uma conduo poltica clara na oposio", diz Germn Lodola, professor do Departamento de Cincia Poltica da Universidade Torcuato di Tella.
Cristina, que sempre foi o principal nome da coalizo, est no sul do pas desde que deixou a Presidncia, tendo mandado a apoiadores apenas algumas mensagens em vdeos de militantes.
O Frente para a Vitria, no entanto, no um bloco homogneo de kirchneristas. "Seria como o PMDB, composto por vrias faces", explica Lodola.
Para o professor, a nova bancada Justicialista tambm no coesa, pois os deputados que a formam esto reunidos mais por interesses do que por alguma ideologia. Inicialmente, devem votar a favor de projetos de Macri.
O caso dos Justicialistas mais um na histria da Argentina em que polticos se rebelam contra seu bloco.
Em 2006, um grupo abandonou a Unio Cvica Radical (o mais antigo partido do pas, de centro-esquerda) para acompanhar os passos de Nstor Kirchner.
Os dissidentes passaram a fazer parte dos chamados "Radicais K".