Depois de passar por várias companhias de dança, em diferentes lugares, Letícia Lie Taguchi encontrou o seu porto seguro. Pelo menos por enquanto. Aos 24 anos, a mogiana reside na Argentina e integra o grupo do Teatro Argentino de La Plata, considerado o segundo mais importante daquele país. Passou por uma dificílima audição no ano passado e agora em 2014 espera se efetivar na Cia.
Decidida e corajosa Letícia é daquelas pessoas que não têm medo de desafios. No entanto, agora busca um pouco mais de tranquilidade, estabilidade. Quer aprimorar o conhecimento dentro da companhia e ter tempo para fazer um curso universitário, o que ela não teve até agora.
A história de Letícia com a dança começou quando ela tinha apenas 4 anos de idade. Via a irmã mais velha, Ellen, fazer aulas de balé e achava lindo. A primeira escola pela qual passou foi o Center Ballet.
Depois, entrou na Escola Bailado Marcela Campos. Foi lá que, aos 11 anos, começou a enxergar a dança como uma possível carreira. Isso devido ao contato com bailarinos mais experientes e o incentivo da professora Valéria Mattos – sua amiga até hoje – e da proprietária da escola.
Se antes ela frequentava aulas duas ou três vezes por semana, nessa fase passou a se dedicar à dança todos os dias. Inclusive, aos 13 anos de idade, começou um curso em São Paulo com Jorge Penha (já falecido).
A rotina era puxada. Escola pela manhã e aulas de balé à tarde e a noite. Nessa época ela também iniciou o trabalho como professora de balé. Já aos 18 anos, após terminar os estudos Letícia decidiu que ainda não era hora de entrar na faculdade. Decidiu visitar o pai, Sergio Taguchi, que morava no Japão.
A ideia era passar férias por lá, mas Letícia logo encontrou uma companhia para dançar. Com a cara e a coragem, sem falar praticamente nada do idioma, foi fazer audição para entrar na Australian Ballet Company que ficava em Tóquio.
Como o pai morava em outra cidade, ela se mudou sozinha para a capital japonesa. Foram dois anos até que seu pai decidiu retornar ao Brasil. Como Letícia achou que já havia tido uma boa experiência por lá, resolveu acompanhar o pai.
Durante um ano, se dividiu entre Mogi e São Paulo. Fez aulas e também ministrou aulas. Letícia foi professora na Escola Bailado Marcela Campos, Millet Dance, Centro de Arte Lilian Gumieiro e no Instituto de Danças Clássicas, na Capital.
Apesar de estar feliz por ficar perto da família – a mãe Marta Alvarenga, o pai e a irmã – Letícia ainda queria alçar voos mais altos na dança. Por isso fez um vídeo e enviou para uma escola americana.
Ela foi chamada e já tinha acertado praticamente tudo com a escola, mas teve o visto negado por questões burocráticas. Pouco tempo depois, ela descobriu que haveria uma audição na Argentina. Mesmo sem conhecer o idioma e nada daquele país, resolveu encarar o desafio.
Foi aprovada e assim seguiu para o Ballet de Misiones. Morou na cidade que dá nome à companhia e lá conheceu o namorado, o também bailarino José Maria. Depois de um tempo em Misiones, Letícia sentiu que era hora de buscar novidades.
Conseguiu fazer temporadas em duas companhias em Buenos Aires, e por lá fixou residência. No ano passado surgiu a chance de entrar para o La Plata e ela não teve dúvidas. A audição recebeu mais de 100 inscrições para cinco vagas.
Apesar da dificuldade, a mogiana foi aprovada. Lá já dançou o “Quebra Nozes” – em praticamente todas as companhias pela qual passou interpretou esse espetáculo – “Dom Quixote” e “Bolero de Ravel”.
O La Plata, além de contar com um corpo de baile tem sua própria orquestra e coro, o que permite a concepção de espetáculos grandiosos. Hoje a rotina de Letícia é mais tranqüila. Ela participa dos ensaios todos os dias, mas sobra tempo para fazer outras aulas de dança.
Por ter um pouco mais de tempo ela também pensa em se matricular na universidade para fazer um curso de línguas, uma outra paixão. Quando está de folga gosta de cuidar de sua casa, cozinhar, ler e passear com o namorado. Nas férias de janeiro sempre procura visitar a família, ir a praia e rever os amigos.
Para o futuro, Letícia não descarta a possibilidade de voltar a morar no Brasil. Quer dar aulas novamente, mas não pensa em ter uma academia. No mais a ideia é continuar se aprimorando e ter cada vez mais crescimento na dança. (Mariana Nepomuceno)
Curto Circuito
Estar em Mogi é...
Me sentir em casa
O melhor da Cidade é...
A diversidade e o equilíbrio. É uma cidade grande que tem tudo, mas ao mesmo tempo com essa coisa aconchegante de interior.. Mogi está na medida. Perto da capital e da praia, e com duas serras como paisagem. melhor impossível. Amo Mogi.
E o pior ?
É saber que até hoje ainda não fizeram uma escola municipal de dança na cidade.
Sinto saudade...
Do Brasil, que será minha casa pra sempre, da minha família e melhores amigos.
Encontro paz de espírito...
Quando escuto as primeiras notas do pianista.. e começo minha aula diária de ballet.
Pra ver e ser visto....
Tóquio. Morei dois anos lá, e é uma cidade incrível!
Meu prato preferido é...
Strogonoff da minha irmã, e arroz com feijão da minha mãe.
Livro de cabeceira...
“Cien Años de Soledad” (Cem anos de Solidão) - Gabriel Garcia Marquez
Peça campeã de uso do meu guarda-roupa?
Minhas saias indianas que são super confortáveis!
O que não tem preço?
Crescer e poder trabalhar e viver daquilo que a gente escolheu e sonhou desde criança.
Uma boa pedida é...
Comida japonesa! e se for caseira, melhor ainda.
É proibido...
Usar e prejudicar pessoas para subir na vida.
A melhor festa é
Quando estou com pessoas queridas que eu amo.
Convite irrecusável...
Praia!
O que tem 1001 utilidades?
A música. Ela tem o poder de proporcionar diversos tipos de emoções nas pessoas..
Meu sonho de consumo é...
Poder ter todas as pessoas que eu amo juntas no mesmo lugar!. rs. sei que é impossível.. com os anos tive que aprender a conviver com a distancia e a saudade..
Qual foi o melhor espetáculo da minha vida?.
Quando fui aprovada na audição para o Ballet Estable do Teatro Argentino de La Plata (Buenos Aires) em maio de 2013. Tinham mais de 100 meninas na audição, e eu nunca imaginei que um dia eu poderia entrar nesta Companhia..
Cartão-postal da Cidade...
O tradicional e querido Teatro Vazquez
O que falta na Cidade:
Uma escola municipal de dança e mais projetos sociais, onde as pessoas possam ter a chance de estudar balé gratuitamente.
Qual é a química da vida?
O amor. Amar o que faz, amar a si mesmo e ao próximo, amar a vida e as coisas que ela nos proporciona. Pra mim, isso é ser feliz.
Deus me livre das...
Más energias.. de gente com má fé e com inveja.. sou muito sensível e frágil em relação a esse tipo de gente.