O futebol não mudará na terça-feira. Por mais que qualquer prêmio não faça isso, eles teoricamente ajudam a situar jogadores na história. E a quinta Bola de Ouro que Messi irá receber logo mais na Suíça tem um papel pequeno nesse sentido.
Por um lado Leo se coloca duas temporadas à frente de Cristiano Ronaldo, algo mais justo do que se o português ganhasse a edição atual e eles se vissem empatados. Ronaldo é ótimo, é excelente, mas não é Messi e a Bola de Ouro mostra bem a distância que há entre os dois. Um placar de 5-3 me parece mais justo que o 4-1 de alguns anos atrás ou o possível 4-4 da atualidade.
Se a premiação da FIFA e da France Football colocam o camisa 10 em seu lugar no seu tempo, elas são incapazes de ir mais longe. Nem a quinta, sexta ou sétima Bola de Ouro vão colocar Messi em um patamar que muitos já admitem e outros tantos rejeitam: no posto de melhor da história.
Pra isso lhe faz falta conquistas coletivas e não individuais. Faz falta ganhar com a Argentina. Ser o maior goleador do Barcelona, do Campeonato Espanhol, da Liga dos Campeões, do clássico com o Real Madrid e outros tantos feitos não bastam para ampliar suas chances.
Por mais que Messi faça chover na Catalunha, não faz ventar em Buenos Aires. Bater na trave com a Argentina em 2014 e 2015 lhe impediu de entrar em discussões sobre Pelé e seu tempo. Não que Messi não mereça, pois merece, mas porque em um mundo que determina os melhores por suas marcas, o argentino tem uma lacuna indiscutível.
Messi ser o Pelé dos tempos modernos parece um prêmio de consolação. Tivesse mais sucesso com a seleção, poderíamos dizer que Pelé foi um Messi dos tempos antigos. Por mais que não pareça, há uma grande diferença.
As pessoas - mesmo as que não assistiram - lembram do Pelé tricampeão mundial e bicampeão com o Santos. Não lembram muito dos mais de 400 gols em amistosos (vários deles contra times amadores em regiões onde praticamente não existia futebol) ou dos outros mais de 400 gols em estaduais contra outros tantos times que beiravam o amadorismo. Pelé virou referência por feitos mundiais.
(Fotos: Getty Images)
Hoje a Liga dos Campeões tem um nível técnico mais alto que a própria Copa. Ali os africanos têm vez, encaixados em times mundiais. Assim como or uruguaios ou chilenos. Barcelona, Real Madrid ou Bayern de Munique são mais fortes que qualquer seleção do mundo. E nesse torneio, Messi tem quatro títulos. Três como protagonista. Tem outros três mundiais de clube, um a mais que Pelé.
Nada disso parece importar. Os argumentos objetivos e práticos se perdem no romantismo, nas poucas imagens e muitos relatos de outros tempos. Não importa a Champions, a Bola de Ouro, os feitos contra os melhores times do mundo. Messi é um refém da Argentina e sua seca de títulos.
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