Despedimo-nos do Mundial do México de 1986 a falar sobre aquele que foi a grande figura. A Argentina ganhou o título, mas foi quase unânime a ideia de que Diego Armando Maradona ganhou o torneio sozinho. No mínimo, é justo dizer que levou a seleção ao colo até ao título e, pelo meio, ainda deu uma mãozinha... Deu para tudo, até para uma vingança especial. Pela primeira vez depois da guerra das Malvinas, Inglaterra e Argentina encontraram -se num campo de futebol. Jogava-se os quartos de final, o ambiente à volta do jogo não era o mais agradável; a polícia mexicana reforçou a segurança, patrulhou ruas, teve mil cuidados. No relvado as coisas foram mais pacíficas. Só no segundo tempo houve golos, um deles foi polémico, o outro foi só considerado o melhor golo do século XX. O protagonista? Maradona, só podia. No primeiro golo (51'), o defesa inglês Hodge recebeu a bola de um companheiro e atrasou-a, de forma atabalhoada e muito por alto, para o guarda-redes Peter Shilton, que só tinha mais 20 centímetros do que Dieguito... El Pibe não desistiu do lance, perseguiu a bola e chegou ao momento de saltar com Shilton. Com o punho cerrado, chegou mais alto e meteu a bola na baliza. Os ingleses ficaram doidos, os argentinos festejaram, o árbitro Ali Bin Nasser (Tunísia) validou o golo. O segundo golo é belo (55'), uma sequência de dribles que começou no meio campo. Maradona deixou seis adversários pelo caminho e marcou de trivela, à saída de Shilton.
No final do encontro, perguntaram a Maradona sobre o golo com a mão... Respondeu: "Se houve mão, foi a mão de Deus"... A frase ficou célebre até aos nossos dias. No banco de Inglaterra estava um incrédulo Sir Bobby Robson. Nas meias-finais, Maradona voltou a fazer estragos, ainda mais, estava picado por um comentário de Jean Marie Pfaff, guarda-redes belga, que disse antes do encontro. "Maradona não é nada de especial". Pagou a frase com dois golos de El Pibe; a Bélgica foi embora e a Argentina seguiu para a final, onde bateu a Alemanha por 3-2. O astro argentino, que já a era estrela o Nápoles depois de uma saída muito polémica do Barcelona, impôs-se de vez no mundo e iniciou uma guerra de provocações com Pelé e vários dirigentes desportivos. Enquanto a droga não tomou conta dele, foi craque. Resistiu e está aí como um deus. Para nos deixar frases fortes, sem lapas na língua. Como esta: "Blatter vê-me como um filho. Sim como um filho da p..."
Nasceu em Lanus, nos arredores de Buenos Aires, a 30 de Outubro de 1960. É dele esta frase. "Nasci num bairro privado. Num bairro privado de água, luz, telefone"...