Macri estreia em Davos e se reúne com Cameron

O presidente argentino, Mauricio Macri, fez sua estreia nesta quinta-feira no Fórum de Davos com um encontro com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, em que ambos concordaram em manter o diálogo para "abrir um novo capítulo" nas relações bilaterais.

Doze anos depois da última participação argentina em Davos, o clube da elite mundial, Macri começou o dia multiplicando os contatos com dirigentes e empresários, acompanhado por grande parte de seu gabinete, e o líder de um dos grupos de oposição, Sergio Massa.

O encontro com Cameron aconteceu a portas fechadas. Os dois concordaram em que "existe a possibilidade de abrir um novo capítulo", segundo o comunicado emitido por Londres.

"Quero que a gente dialogue sobre todos os temas que estão pendentes, incluindo as Malvinas, com nossas diferenças; nós vamos continuar reclamando, mas dialogaremos", disse Macri, segundo o comunicado de seu gabinete.

A presença de Massa era necessária "porque queremos que seja uma questão de Estado", acrescentou o texto.

Era uma maneira de marcar a volta da Argentina à arena de dos investidores e das grandes empresas, mas em termos diplomáticos o resultado demonstrou que o caminho é longo.

"Cameron deixou claro que nossa posição continua sendo a mesma e que no recente referendo ficou absolutamente claro que os habitantes das ilhas querem continuar sendo britânicos", afirmou texto de Downing Street.

Os habitantes das Malvinas optaram em 2013 por permanecer sob bandeira britânica.

A Argentina invadiu o arquipélago em 1982, o que provocou uma curta guerra com o Reino Unido.

Macri e Cameron conversaram durante meia hora, os últimos cinco minutos a sós, detalhou o texto argentino.

"Uma delegação empresarial do Reino Unido visitará a Argentina no segundo semestre deste ano para analisar diversos temas de infraestrutura", explicou Buenos Aires.

Cameron convidou Macri para viajar a Londres para assistir a um seminário sobre transparência na gestão administrativa e na luta contra a corrupção.

Macri, que assumiu em dezembro, tomou medidas de liberalização econômica que geraram interesse nos círculos internacionais, e que em muitos aspectos lembram a agenda do conservador Cameron.

O comunicado britânico afirma que ambos "discutiram sobre como o Reino Unido pode ajudar aos planos (argentinos) para reformar a economia, em particular em setor energético, transparência e ciência".

O encontro foi o primeiro de caráter formal no entre um líder argentino e outro britânico.

Atividade incessante

Os encontros em Davos, fórum do qual participam todos os anos 2.500 convidados, entre empresários, investidores e gurus financeiros, acostumados a se encontrar de modo informal e muitas vezes rápida. Macri não fugiu à regra, distribuindo acenos aos corredores e nas salas do Centro de Congressos e hotéis da cidade alpina, constatou a AFP.

O presidente da Coca-Cola, Muhtar Kent, lhe prometeu um investimento de 1 bilhão de dólares nos próximos quatro anos, informou a presidência argentina em Buenos Aires.

A Argentina ainda tem como pendência a solução de seu litígio com um grupo de investidores pela moratória sobre a dívida externa há 15 anos, além de outros conflitos menores, como com o Fundo Monetário Internacional, por causa de suas estatísticas.

"Parte dessa vontade do presidente Macri de se integrar ao mundo através do diálogo é dizendo a verdade. Um país que durante anos mentiu através de suas estatísticas não é um país confiável, e isso é o que estamos mudando", declarou na quarta-feira à AFP o ministro das Finanças, Alfonso Prat-Gay.

A Argentina quer retomar o diálogo com Mercosul, sobretudo com o Brasil, a fim de apresentar uma frente unida nas negociações com a União Europeia para um acordo de livre comércio, explicou à AFP a chanceler Susana Malcorra.

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