A presidente argentina, Cristina Kirchner, entrou nesta sexta-feira totalmente na campanha para o segundo turno das eleições, em 22 de novembro, ao criticar o candidato da oposição, Mauricio Macri, por ter dito que os direitos humanos são um "negócio sujo".
"Alguém (referindo-se a Macri) disse que os direitos humanos são um 'negócio sujo'. 'Negócio sujo' foi o que os grupos econômicos fizeram quando se aliaram à ditadura e enriqueceram, quando desapareceram 30.000 argentinos para impor seu plano econômico", disse Kirchner em discurso no Centro de Tecnologia de Buenos Aires.
Kirchner, sentada ao lado do candidato do governo, Daniel Scioli, a quem abraçou no final do discurso, defendeu a política do governo para o desenvolvimento da ciência, o que permitiu "construir um banco de dados genético para encontrar os netos roubados".
Nesse momento do comício, acenou das arquibancadas Giovanola Delia, uma das fundadoras da Avós da Plaza de Mayo, que na quinta-feira conseguiu a restituição da identidade de seu neto, o 118 da organização humanitária. A organização estima que 500 bebês foram roubados durante a repressão.
Após os testes que verificaram sua filiação sangue, Martin Ogando Montesano, filho de um casamento sequestrado e desaparecido pelos militares, telefonou para Giovanola e disse: "Oi vovó, eu sou seu neto".
Macri, candidato conservador, declarou que se for eleito presidente, "acabarão os 'negócios sujos' dos direitos humanos".
A campanha governista argumenta que Macri, um empresário magnata, está ligado a setores que apoiaram o regime militar e depois o presidente peronista neoliberal Carlos Menem (1983-89).
As eleições marcam o final de um ciclo de 12 anos de kirchnerismo (peronistas de centro-esquerda) no poder, iniciado pelo falecido marido da chefe de Estado e ex-presidente Néstor Kirchner.
A presidente também atacou Macri por ter denunciado uma "campanha suja" do governo, gerando temores entre trabalhadores de que poderiam ficar desempregados e iniciar aberturas comerciais e cambiais.
"Campanha 'esgoto', eu diria. Me publicaram mais de 30 panfletos que têm a ver com minha condição de ser mulher e não como o governo. Eles dizem que eu sou bipolar...que dirá os panfletos degradantes, onde eu fingia orgasmos para o poder", denunciou a presidente.
Kirchner anunciou a expansão do Polo, que permitiu repatriar centenas de cientistas e o lançamento nesta sexta-feira do primeiro navio-laboratório em águas territoriais, além do recente lançamento de dois satélites de fabricação nacional.