A juíza que trabalha no caso da morte do procurador argentino Alberto Nisman, que investigava o atentado à Associação Israelita AMIA, convocou uma junta criminalística para determinar se foi realmente um suicídio ou um homicídio, algo sem resposta um ano depois de sua morte, informou nesta quinta-feira uma fonte oficial.
Nisman foi baleado em seu apartamento com um tiro na cabeça em 18 de janeiro de 2015, mas duas perícias entraram em contradição se o procurador estava de pé ou de joelhos quando recebeu o impacto.
As perícias da promotoria sustentam que ele estava de pé e parecem inclinar para a tese de suicídio, enquanto as da denúncia dizem que o procurador estava de joelhos e tentam justificar a tese de homicídio.
A juíza Fabiana Palmaghini tentará esclarecer essa dúvida usando especialistas em criminalística de diversas forças de segurança, segundo uma convocatória lançada em pleno feriado judicial.
Junto ao corpo de Nisman, encontrado no banheiro de seu apartamento no exclusivo bairro de Puerto Madero, em Buenos Aires, estava uma pistola Bersa calibre 22, de onde saiu a bala.
Nisman pediu a arma para proteger suas filhas, segundo o assessor de informática da promotoria Diego Lagomarsino, o único processado por emprestar a arma ao procurador.
O assessor se considerava amigo de Nisman, a ponto de ser um dos seus cotitulares, junto com a mãe e a irmã do procurador, de uma conta não declarada em Nova York da qual Nisman era procurador.
A morte do procurador que investigou por mais de uma década o atentado que deixou 85 mortos e 300 feridos em 1994 em Buenos Aires, estremeceu a sociedade argentina em 2015, ano eleitoral que colocou no governo em dezembro o liberal de direita Mauricio Macri.
No dia seguinte à sua morte, o procurador deveria comparecer no Congresso para apresentar uma denúncia contra a então presidente Cristina Kirchner, a quem acusou de encobrir ex-altos funcionários iranianos acusados pela justiça argentina como idealizadores do atentado à AMIA.
A denúncia foi logo rechaçada em várias instâncias judiciais por "inexistência de delito".
Desde sua morte várias marchas aconteceram na Argentina pedindo esclarecimento, a última em 18 de janeiro, quando completou um ano de sua morte.